O Macam de Cada Semana
De acordo com o livro de pizmonim "Shir Ushbaha Hallel Vezimrah", publicado pela "Sephardic Heritage Fundation", o costume alepino para a utilização dos macamim a cada semana é o seguinte:
Bereshit - rast, por ser a primeira
parashá do livro. E
rast representa o início.
Noach - sigá (ou sua versão mais alta, o
irac).
Sigá é usado quando há menção de construção na
parashá. E nesta
parashá é relatada a construção da arca.
Em algumas tabelas consta o
macam bayat para este
Shabat.
Lech Lechá - saba, porque Avraham e seus seguidores fizeram o
Berit Milá.
Vayerá - naua, conforme a maioria das fontes alepinas. No
Tehilim, um sinônimo para anjo é "
nava côdesh", e esta
parashá relata a visita dos três anjos a Avraham Avínu.
Atualmente,
bayat ou
nahuand são usados pela maioria das congregações em vez de
naua. Estas opiniões apoiam-se em outras fontes alepinas.
Chayê Sará - hijaz, devido à tristeza pelo falecimento de Avraham e Sará e seus sepultamentos na
Mearat Hamachpelá.
Toledot - mahur, devido à irritação de Essav com Yaacov em relação à primogenitura e às bênçãos que perdeu.
Vayesê - ajam, pela alegria do casamento de Yaacov. Há uma antiga tradição de aplicar o
pizmon Yedidi Roí Mekimi no trecho
Semechim Betsetam, porque este
pizmon fala sobre Rachel chegando com suas ovelhas.
Vayishlah - saba, porque os filhos de Yaacov convenceram o povo de Shechem a fazer
Berit Milá. Outro motivo é porque lemos sobre a aliança entre Yaacov e Hashem. Coincidentemente, esta
parashá é a oitava do livro- o que seria mais um motivo para aplicar
saba.
Algumas fontes recomendam o usode
sigá ou
bayat.
Vayêshev - nahuand, que indica problemas e desarmonia na
parashá. Neste caso, os irmãos de Yossef Hatsadic causaram a desarmonia, jogando Yossef em um poço e vendendo-o como escravo.
Algumas fontes recomendam o uso de
rahaui-naua.
Mikets - sigá conforme todas as fontes alepinas, já que é o
Shabat de Chanucá - a festividade relacionada com a
Menorá. Sempre que há uma alusão à
Menorá,
sigá é usado.
Há uma tradição de cantar o
pizmon Yatsá Limloch Mibêt Tsurim, que descreve poeticamente o conteúdo desta
parashá.
Vayigash - bayat, por causa do juramento de
Yehudá em relação a
Binyamin.
Outras fontes apontam o
macam saba para este
Shabat.
Vaychi - hijaz, devido ao relato da morte de Yaacov e Yossef.
Shemot - rast, porque é a primeira
parashá deste
chumash.
Há quem recomende o uso
de bayat.
Vaera - hosseni, porque no início da
parashá há um aspecto relacionado com a Outorga da
Torá: somos lembrados da beleza de
matan Torá ao lermos quatro vezes as palavras "
Ani Amonay". Isso lembra o início dos Dez Mandamentos: "
Anochi Amonay Elokecha".
Há quem prefira usar
naua, para cantar o
pizmon Mi Yemalel Izuz Guevurot. Este poema data dos anos 1850 e fala sobre as dez pragas, que começam nesta
parashá.
Quem usa
bayat em
Shemot, recomenda
rast em
Vaerá.
Bô - sigá, por duas razões. A primeira, porque esta é a terceira
parashá do livro. A segunda, porque esta
parashá contém a leitura do primeiro dia de
Pêssach - quando usamos
sigá.
Beshalach - ajam, pela alegria e gratidão relacionados com a aberturado Mar Vermelho e os milagres que ocorreram no Êxodo do Egito. Além disso,
Tu Bishvat é comemorado nesta semana e é tradicional aplicar a melodia de
Tu Bishvat - Yah El GadolVeneedar - no trecho
Semechim Betsetam. Pelo mesmo motivo, há quem costume cantar
Rachum Ata antes da leitura da
Torá.
Yitrô - hosseni, porque o belo destaque desta
parashá é a Outorga da
Torá. A melodia de
Dáat Umzimá, um
pizmon sobre
Matan Torá, é tradicionalmente aplicada para a
Kedushá.
Mishpatim - saba, por três possíveis motivos: 1. No sétimo ano, um
êved ivri pode fazer um pacto (
berit) com seu patrão. 2. Esta
parashá contém muitas
mitsvot - que representam um pacto (
berit) entre D'us e os homens. 3. As palavras (
Shemot 24:8) "
dam haberit" aparecem relacionadascom um pacto entre D'us e o Povo de Israel.
Terumá - hosseni, porque somos introduzidos ao belo conceito do
Mishcan - o Tabernáculo.
Tetsavê - sigá. Normalmente este é o
Shabat anterior a
Purim -
Shabat Zachor. Em lembrança ao acontecimentode o Povo de Israel ter aceito a
Torá com alegria na época de Purim, fazemos as orações no
macam sigá, o mesmo da leitura da
Torá. Neste sentido, constatamos que "
sigá" e "
Mordechay Hayehudi" possuem a mesma
guimatriyá - o mesmo valor numérico - de 314. Além disso, a maioria dos
pizmonim de Purim são em
sigá.
Ki Tissá - hijaz, por causa da tragédia do pecado do bezerro de ouro.
Vayac'hel - hosseni, porque trata da construção do
Mishcan.
Vayac'hel-Pecudê -
bayat, ou mesclar
bayat e
hosseni, por causa da construção do
Mishcan.
Pecudê - naua, porque é a última
parashá do livro.
Vayicrá - rast, porque é a primeira
parashá do livro.
Tsav - rahaui-naua. Normalmente esta
parashá coincide com
Shabat Hagadol, o
Shabat anterior a
Pêssach. A
Hagadá de
Pêssach é conduzida no
macam rahaui. Além disso, o famoso
pizmon de
Pêssach "
Emunim Irchu Shêvach", também no
macam rahaui, é tradicionalmente aplicado no trecho "
Semechim Betsetam".
Muitas congregações têm o costume de mesclar
nahuand com
rahauinaua neste
Shabat.
Caso seja
Shabat Zachor, usa-se
sigá.
Shemini - hosseni. Há duas opiniões sobre o
macam desta
parashá. A primeira é
hosseni, por causa da inauguração do
Mishcan. A segunda é
rast, o
macam que marca todos os inícios, pois normalmente este é o primeiro
Shabat depois de
Pêssach, o início de
Sefirat Haômer e do estudo do
Pirkê Avot.
Caso seja
Shabat Pará, há quem recomende o
macam nahuand.
Tazria - saba, porque a
parashá começa relatando o nascimento de um menino e seu
Berit Milá.
Como segunda opção, pode-se usar
bayat, porque o nascimento de uma menina também é citado nesta
parashá.
Caso esta oportunidade coincida com
Shabat Hachôdesh, há quem recomende usar
bayat-hosseni.
Metsorá - sigá. Quando
parashat Tahor (Metsorá) é lida sozinha, há muitas opiniões sobre o
macam utilizado. A primeira opinião é
sigá, porque a
parashá trata dos rituais de santidade, e
sigá é utilizado para rituais e cerimônias. A segunda opinião é
mahur, por ser o
Shabat entre
Shabat Hachôdesh e
Shabat Hagadol. Outra opinião é
nahuand, porque
metsorá está associada com
lashon hará, e
nahuand indica desarmonia e controvérsia.
Tazria-Tahor -
saba, por causa do relato do nascimento de um menino.
Acharê-mot - hijaz, devido à morte de Nadav e Avihu, os filhos de Aharon Hacohen.
Há quem recomende misturar
bayat para diluir o tom triste das orações.
Caso seja
Shabat Hagadol, usa-se
rahaui-naua.
Kedoshim - saba, por causa da grande quantidade de
mitsvot desta
parashá.
Se coincidir com a primeira semana após
Pêssach, há quem recomende usar
rast, por ser o início de
Sefirat Haômer e do estudo do
Pirkê Avot.
Acharê-mot-Kedoshim - hijaz, devido à morte de Nadav e Avihu. Há quem sugira uma mescla de
bayat e
hijaz para amenizar a tristeza.
Emor - sigá, somente quando for o
Shabat anterior a
Lag Baômer, data do falecimento de
Rabi Shimon
bar Yochai. Porque as duas melodias do
pizmon Bar Yochai, ambas em
sigá, são aplicadas durante as orações. Outros
pizmonim que são apropriados para esta comemoração são
Shuvi Haadi,
Ochil Yom e
Ish Elokim Cadosh Hu.
Quando não for o
Shabat anterior a
Lag Baômer,
hosseni.
Há quem aplique sempre
sigá, porque esta
parashá trata das leis referentes aos
cohanim, bem como as leis dos
yamim tovim.
Behar - saba ou naua.
Saba por causa do grande número de
mitsvot nesta
parashá.
Naua porque este é o
macam de
Cabalat Shabat, e esta
parashá começa com o conceito de trabalhar a terra por seis anos e deixá-la descansar no sétimo.
Bechucotay - naua, porque é o final do livro de
Vayicrá.
Outra opção é
nahuand, se for o
Shabat anterior a
Yom Yerushaláyim. Neste caso, pode-se aplicar à oração a melodia de
Yerushaláyim Shel Zahav.
Quando coincidir com o
Shabat anterior a
Lag Baômer, usa-se
sigá.
Behar-Bechucotay - naua ou saba. Conforme o costume de Damasco,
bayat é uma opção.
Bamidbar - hosseni, porque normalmente esse é o
Shabat anterior a
Shavuot, chamado de
Shabat Calá.
Quando não coincidir com
Shabat Calá, usa-se
rast, por ser o início do
chumash.
Nassô - saba, por dois motivos. Primeiro porque logo no começo da
parashá consta a expressão "
litsvôtsavá". Outro motivo é porque o assunto de
sotáh pode ser relacionado com o
Berit Milá. O
Berit Milá proteje contra a promiscuidade, evitando que se entre na situação de
sotáh.
Behaalotechá - sigá, porque a
parashá começa com o assunto do acendimento da
Menorá. Além disso, esta é a terceira
parashá do
chumash.
Shelach-Lechá - hijaz, por causado Pecado dos Espiões.
Segundo uma antiga tradição de Jerusalém, usa-se
nahuand. Outras fonte, ainda, apontam o
macam irac.
Côrach - nahuand, por causa da controvérsia de
Côrach.
Segundo uma antiga tradição alepina, lia-se esta
parashá junto com
Chucat. Este costume foi quebrado (exceto na Argentina), para conformar a leitura com as demais comunidades judaicas.
Chucat - hosseni, por causa da idéia da observância das leis da
Pará Adumá, um estatuto (cujo motivo é desconhecido) que reflete o espírito da Outorga da
Torá.
Balac - mahur, por causa da irritação de Balac após constatar que as tentativas de maldições se transformaram em bênçãos. Outra explicação está baseada na palavra hebraica "
maher" (rápido), que reflete a rapidez de Bilam em perseguir o ouro de Balac e tentar prejudicar Israel.
Chucat-Balac - hosseni ou mahur.
Pinechás - saba, porque D'us deu um "
Berit Shalom" - um pacto de paz- para Pinechás. Conforme o
Zôhar, Eliyáhu Hanavi é Pinechás e participa em todo
Berit Milá realizado.
Além disso, coincidentemente ou não, esta é a oitava
parashá do
chumash.
Normalmente, Pinechás é a primeira
parashá do período das "três semanas" entre os jejuns de 17 de
Tamuz e 9 de Av. Tradicionalmente, durante este período,
saba,
naua e
hijaz são utilizados, graças à conotação triste destes .
Matot - nahuand, porque a
parashá inicia tratando das leis de juramentos (
nedarim) realizados por mulheres. Pode-se sugerir que uma mulher que faz um voto por trás de seu pai ou marido, provoca desarmonia na família. Além disso,
nahuand também é apropriado para esta época por possuir intonações tristes.
Outras fontes recomendam
nauaou bayat.Massê - naua ou
saba.
Naua porque é o final do
chumash.
Saba porque a
parashá relata as viagens e paradas do povo e seus exércitos (
tsavá) no deserto.
Matot-Massê - naua ou
nahuand.
Devarim - hijaz, porque este é o
Shabat Chazon, o
Shabat anterior a
Tish'á Beav, quando lamentamos a destruição dos dois Templos Sagrados.
Vaetchanan - hosseni, porque o destaque desta
parashá é o relato da Outorga da
Torá. A melodia do
pizmon Dáat Umzimá, sobre
Matan Torá, é tradicionalmente aplicada em
Nacdishach.
Êkev - sigá. Este é o
macam da leitura da
Torá, e nesta
parashá encontramos um trecho especial:
VehayáIm Shamoa, o segundo parágrafo de
Keriat Shemá. Além disso, esta é a terceira
parashá do
chumash.
Reê - rast, porque é o início de
elul e o início da recitação de
Selichot. Outras fontes apontam
bayat. Nesta oportunidade, há uma tradição de aplicar a melodia
bayat de
Selichot "Elecha Hashem" em
Semechim Betsetam.
Shofetim - ajam, por causa do alegre evento da escolha de um rei em Israel. A melodia do
pizmon "
YaarichYamim Al Mamlachtô", baseado nas palavras desta
parashá, é tradicionalmente aplicado em
Nishmat. Aplica-se a melodia
ajam de
Selichot "Elecha Hashem" em
Semechim Betsetam.
Ki Tetsê - saba, porque no início a
parashá menciona um exército (
tsavá) que sai para a guerra. Outro motivo é porque o
Berit Milá proteje contra as trangressões sexuais. Assim, um soldado na guerra deve evitar atentação de levar uma prisioneira (
yêfat toar) para casar-se com ela. Aplica-se a melodia
saba de
Selichot "Elecha Hashem" (a mesma do
pizmon Ki Eshmerá Shabat) em
Semechim Betsetam.
Ki Tavô - sigá, porque esta
parashá contém o trecho especial da cerimônia realizada com
bicurim, as primícias.
Sigá é usado quando há um trecho especial e também para ocasiões cerimoniais, solenidades. Aplica-se a melodia
sigá de
Selichot "ElechaHashem" (do
pizmon Yachid Yassad) em
Semechim Betsetam.
Nitsavim - naua ou
nahuand.
Naua porque este é o último
Shabat do ano.
Nahuand porque é um período de introspecção para corrigir as falhas e mudar o comportamento - ou seja, repreender a si mesmo. É apropriado aplicar a melodia
naua de
Achot Ketaná em
Semechim Betsetam, emantecipação a
Rosh Hashaná.
Vayêlech - mehayar quando é
Shabat Shuva. Este
macam é da família do
bayat. É apropriado aplicar a melodia de
Lechá Eli em
Semechim Besetam, bem como melodias das
Selichot, em antecipação a
Yom Kippur.
Outras fontes recomendam
hosseni, bayat ou
rast.
Haazínu - hosseni quando não é
Shabat Shuva, por causa da aproximação de
Simchat Torá. Quando for
Shabat Shuva,
mehayar.
Vezot Haberachá - ajam, porque é
Simchat Torá.
Yamim Tovim: No primeiro dia de
Pêssach,
Shavuot e
Sucot usa-se
sigá, porque de nota majestade, pompa e cerimônia. Reserva-se
ajam para o segundo dia de
Pêssach,
Sucot e
Shemini Atsêret (que é
Simchat Torá), bem como para o sétimo dia de
Pêssach. No segundo dia de
Shavuot usa-se
hosseni, pela beleza da Outorgada
Torá. No primeiro dia de
Shemini Atsêret usa
hosseni, pela aproximaçãode
Simchat Torá,
saba ou
sigá. Em
Shemini Shel Pêssach utiliza-se
saba. No
Shabat chol hamoed usa-se
bayat.
Referências:
"Shir Ushbaha Hallel Vezimrah";
"Sephardic Pizmonim Project";
"Sephardic Hazzanut Project";
"The Bible, Prayer, and Maqam: Extra-Musical Associations of Syrian Jews", de Mark Klingman;
"Maqam and Liturgy: Ritual, Musicand Aesthetics of Syrian Jews in Brooklyn", de Mark Klingman.