Matérias >> Edição 185 >> Dinheiro em Xeque

Revelações Indesejadas

Todas as dúvidas e divergências monetárias de nossos dias podem ser encontradas em nossos livros sagrados!

Variedades

Caso 1

Este caso aconteceu com um jovem casal que estava esperando seu primeiro filho. Como é de praxe, foram se consultar com um especialista em ultrassom para verificar se estava tudo bem com o bebê.

O casal pediu, de forma clara e explícita, para o médico não revelar qual o sexo do bebê. Eles faziam questão de saber o sexo somente após o parto.

O médico realizou o exame e, no final da consulta, disse:

- Graças a D’us, está tudo bem! Vocês têm uma menina muito saudável!

O casal ficou muito chateado com a revelação do sexo do bebê e disseram ao médico:

- Poxa! Nós não dissemos de forma clara que não era para o senhor revelar o sexo do bebê?! Não pagaremos um tostão por esta consulta!

O médico se desculpou, dizendo:

- A mim parece que, apesar do ocorrido, vocês devem pagar pela consulta. Porém, por favor, perguntem a um rabino se vocês estão isentos de pagar e eu e acatarei o que ele disser.

Caso 2

Este caso aconteceu com um doente terminal. Ele foi se consultar com um especialista para tentar um tratamento alternativo à sua doença.

Logo no começo da consulta, pediu encarecidamente ao médico, que não lhe revelasse quanto tempo ainda teria de vida.

O médico o examinou e prescreveu-lhe o tratamento a ser feito. Porém, ao se despedir, o médico disse:

- Dói-me muito lhe dizer, mas saiba que você só tem mais dois meses de vida...

Indignado, este doente também se recusou a pagar pela consulta.

Nestes dois casos os reclamantes devem pagar pela consulta ou estão isentos devido às “falhas” dos médicos?

Os veredictos

Caso 1

A pergunta deste caso foi levada até o Gaon Hagadol Harav Yossef Shalom Elyashiv zt”l. O sábio respondeu que o jovem casal deve pagar pela consulta ao médico.

O Rav Zilberstein Shelita explicou o motivo deste veredicto da seguinte forma:

Apesar de o médico não ter agido corretamente ao ter revelado - contra a vontade do casal - o sexo do bebê, em todo o caso, o exame de ultrassom foi realizado corretamente. Sendo assim, eles têm que pagar pelo trabalho que foi efetuado.

O médico realizou seu trabalho de forma completa, apesar de ter acrescentado uma informação que não era desejada pelo casal.

Este caso se assemelha a um trabalhador que realizou seu trabalho, mas antes de ir embora deu um tapa na cara do seu empregador. Este trabalhador certamente deve receber sua remuneração pelo trabalho realizado. Quanto ao tapa que deu, deve receber uma eventual punição em separado, para compensar eventuais danos - físicos, morais e lucros cessantes - causados.

Caso 2

Neste caso, o doente não precisa pagar pela consulta ao médico.

Este caso não é igual ao anterior, em que o médico revelou o sexo do bebê. Naquele caso o médico realizou seu trabalho completamente.

Com relação a este segundo caso, do doente terminal que foi se consultar e pediu para o médico não lhe revelar quanto tempo ainda teria de vida, a situação é diferente. Este médico cometeu um erro em seu trabalho. Aos médicos lhe foi dada a permissão “para curar” e não “para matar”. Como ele revelou o tempo restante de vida ao paciente, causou um dano a ele e desesperançou-o, causando uma piora em seu estado de saúde.

Com esta informação, o paciente ficará deprimido e desanimado. Devido a isso, o tratamento prescrito não causará o efeito esperado.

Sendo assim, não cabe nenhum pagamento a este médico pela consulta prestada.

Do semanário “Guefilte-mail”

([email protected]).

Traduzido de aula ministrada pelo Rav

Hagaon Yitschac Zilberstein Shelita

Os esclarecimentos dos casos estudados no Shulchan Aruch Chôshen Mishpat são facilmente mal-entendidos. Qualquer

detalhe omitido ou acrescentado pode

alterar a sentença para o outro extremo.

Estas respostas não devem ser utilizadas na prática sem o parecer de um rabino com grande experiência no assunto.

Traduzido de aula ministrada pelo Rav Hagaon Yitschac Zilberstein Shelita

Os esclarecimentos dos casos estudados no Shulchan Aruch Chôshen Mishpat são facilmente mal-entendidos. Qualquer detalhe omitido ou acrescentado pode alterar a sentença para o outro extremo. Estas respostas não devem ser utilizadas na prática sem o parecer de um rabino com grande experiência no assunto.