
Caso 1
  Este caso  aconteceu com um jovem casal que estava esperando seu primeiro filho. Como é de  praxe, foram se consultar com um especialista em ultrassom para verificar se  estava tudo bem com o bebê.
  O casal pediu, de  forma clara e explícita, para o médico não revelar qual o sexo do bebê. Eles  faziam questão de saber o sexo somente após o parto.
  O médico realizou  o exame e, no final da consulta, disse:
  - Graças a D’us,  está tudo bem! Vocês têm uma menina muito saudável!
  O casal ficou  muito chateado com a revelação do sexo do bebê e disseram ao médico:
  - Poxa! Nós não  dissemos de forma clara que não era para o senhor revelar o sexo do bebê?! Não  pagaremos um tostão por esta consulta!
  O médico se  desculpou, dizendo:
  - A mim parece  que, apesar do ocorrido, vocês devem pagar pela consulta. Porém, por favor,  perguntem a um rabino se vocês estão isentos de pagar e eu e acatarei o que ele  disser.
Caso 2
  Este caso  aconteceu com um doente terminal. Ele foi se consultar com um especialista para  tentar um tratamento alternativo à sua doença.
  Logo no começo da  consulta, pediu encarecidamente ao médico, que não lhe revelasse quanto tempo  ainda teria de vida.
  O médico o  examinou e prescreveu-lhe o tratamento a ser feito. Porém, ao se despedir, o  médico disse:
  - Dói-me muito  lhe dizer, mas saiba que você só tem mais dois meses de vida...
  Indignado, este  doente também se recusou a pagar pela consulta.
Nestes dois casos  os reclamantes devem pagar pela consulta ou estão isentos devido às “falhas”  dos médicos?
Os veredictos
  Caso 1
  A pergunta deste  caso foi levada até o Gaon Hagadol Harav Yossef Shalom Elyashiv zt”l.  O sábio respondeu que o jovem casal deve pagar pela consulta ao médico.
  O Rav Zilberstein Shelita explicou o motivo deste veredicto da seguinte forma:
  Apesar de o  médico não ter agido corretamente ao ter revelado - contra a vontade do casal -  o sexo do bebê, em todo o caso, o exame de ultrassom foi realizado  corretamente. Sendo assim, eles têm que pagar pelo trabalho que foi efetuado.
  O médico realizou  seu trabalho de forma completa, apesar de ter acrescentado uma informação que  não era desejada pelo casal.
  Este caso se  assemelha a um trabalhador que realizou seu trabalho, mas antes de ir embora  deu um tapa na cara do seu empregador. Este trabalhador certamente deve receber  sua remuneração pelo trabalho realizado. Quanto ao tapa que deu, deve receber  uma eventual punição em separado, para compensar eventuais danos - físicos,  morais e lucros cessantes - causados.
Caso 2
  Neste caso, o  doente não precisa pagar pela consulta ao médico.
  Este caso não é  igual ao anterior, em que o médico revelou o sexo do bebê. Naquele caso o  médico realizou seu trabalho completamente.
  Com relação a  este segundo caso, do doente terminal que foi se consultar e pediu para o  médico não lhe revelar quanto tempo ainda teria de vida, a situação é  diferente. Este médico cometeu um erro em seu trabalho. Aos médicos lhe foi  dada a permissão “para curar” e não “para matar”. Como ele revelou o tempo  restante de vida ao paciente, causou um dano a ele e desesperançou-o, causando  uma piora em seu estado de saúde.
  Com esta  informação, o paciente ficará deprimido e desanimado. Devido a isso, o  tratamento prescrito não causará o efeito esperado.
  Sendo assim, não  cabe nenhum pagamento a este médico pela consulta prestada.
Do semanário “Guefilte-mail”
  ([email protected]).
  Traduzido de aula ministrada pelo Rav
    Hagaon Yitschac Zilberstein Shelita
  Os esclarecimentos dos casos estudados no Shulchan Aruch  Chôshen Mishpat são facilmente mal-entendidos. Qualquer
    detalhe omitido ou acrescentado pode
    alterar a sentença para o outro extremo.
    Estas respostas não devem ser utilizadas na prática sem o parecer de um rabino  com grande experiência no assunto.
 Traduzido de aula ministrada pelo Rav Hagaon Yitschac  Zilberstein Shelita
 Os esclarecimentos dos casos estudados no Shulchan Aruch  Chôshen Mishpat são facilmente mal-entendidos. Qualquer detalhe omitido ou  acrescentado pode alterar a sentença para o outro extremo. Estas respostas não  devem ser utilizadas na prática sem o parecer de um rabino com grande  experiência no assunto.