Matérias >> Edição 159 >> Dinheiro em Xeque

Engarrafamento

Todas as dúvidas e divergências monetárias de nossos dias podem ser encontradas em nossos livros sagrados!

Dinheiro em Xeque

Aconteceu numa sexta-feira em Benê Brak, Israel.

Reuven entrou num táxi e pediu ao motorista que o levasse a uma determinada rua a cerca de vinte quadras de distância.

O motorista acionou o taxímetro e eles seguiram rumo ao local solicitado.

Tudo caminhava bem até que depararam-se com um grande engarrafamento.

Em certo momento, todos os carros ficaram completamente parados. Eles também ficaram presos no enorme engarrafamento, aguardando em vão que os carros se movimentassem.

Porém, nada acontecia!

A única coisa que “andava” - aliás, corria! - era o taxímetro...

Ao perceber que gastaria uma fortuna naquele trajeto se continuasse dentro do táxi, Reuven pediu ao motorista para descer ali mesmo, no local onde estavam parados. Imediatamente ele tirou a carteira do bolso para pagar o valor que o taxímetro mostrava, mas o motorista disse que não concordava com a solicitação de Reuven. Alegou que não achava correto Reuven abandonar o trajeto e deixá-lo ali preso sozinho. Se Reuven saísse, ele sofreria um prejuízo, uma vez que continuaria ali parado sem conseguir um passageiro disposto a entrar no carro no meio do engarrafamento!

Ambos alegavam que não tinham culpa pelo congestionamento...

Quem tem razão? Reuven precisa continuar pagando o traslado até chegar no destino? Ou pode descer no meio do caminho?

O Veredicto

A Guemará (Bavá Metsiá 79b) cita um caso em que um indivíduo alugou uma embarcação para levá-lo a um determinado lugar e, no meio do caminho, pediu para desembarcar no porto mais próximo.

A Guemará afirma que esta pessoa também deve pagar pela outra metade do trajeto combinado, a não ser que o dono da embarcação consiga um outro passageiro para substituí-lo naquele local.

Analogamente ao caso da Guemará, Reuven teria que pagar por todo o trajeto do táxi, uma vez que o motorista não teria condições de conseguir um passageiro naquele engarrafamento.

No entanto, o Rav Zilberstein ressalta que há uma diferença entre o caso do táxi e o trazido pela Guemará. No caso da embarcação, não havia nada impedindo o deslocamento do barco. Foi o passageiro que quis interromper sua viagem na metade do caminho. Já no caso do táxi, surgiu um impedimento imprevisto, um motivo de força maior. Com isso, Reuven se viu forçado a desistir no meio do caminho! Portanto, ele está isento de pagar pelo restante da viagem.

No entanto, caso o motorista tivesse especificado no início que Reuven deveria pagar pela corrida integralmente se esta situação viesse a acontecer, Reuven estaria obrigado a pagar.

Traduzido de aula ministrada pelo Rav Hagaon Yitschac Zilberstein Shelita

Os esclarecimentos dos casos estudados no Shulchan Aruch Chôshen Mishpat são facilmente mal-entendidos. Qualquer detalhe omitido ou acrescentado pode alterar a sentença para o outro extremo. Estas respostas não devem ser utilizadas na prática sem o parecer de um rabino com grande experiência no assunto.