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Judeus no Afeganistão

Com o interesse do mundo focalizado no Afeganistão, é oportuno e relevante considerar a história da outrora próspera e florescente comunidade judaica deste país.

Judeus No Mundo

Muito pouco tem sido escrito sobre o Afeganistão nos anais do povo judeu. Somente nos anos recentes, em particular após a fundação do Estado de Israel e a imigração da comunidade judaica para lá, houve alguma espécie de interesse.

A comunidade judaica foi virtualmente dissipada em 1985, quando seus remanescentes, por volta de 6.000 judeus afegãos, alcançaram Israel. Atualmente o Afeganistão está despovoado de judeus. Há somente um judeu  (vide box) na capital Kabul. Na cidade de Herat, que foi o centro do judaísmo, com quatro antigas e belas sinagogas, não há judeu algum. Devido aos constantes combates, não se sabe ao certo qual foi o destino das sinagogas, do antigo cemitério e das duas grandes escolas que pertenceram à comunidade.

As sinagogas já haviam sido danificadas durante a invasão soviética ao Afeganistão.

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Geografia, Economia e Etnia

O Afeganistão é um país cercado por terras, sem acesso ao mar, localizado no oeste da Ásia Central, com uma área de 652.000 quilômetros quadrados. Seus vizinhos são o Irã, o Paquistão, o Uzbequistão, o Tadjiquistão, o Turcomenistão e a China.

No inverno, a temperatura atinge 20 graus abaixo de zero. No verão, pode alcançar 40 graus.

A importância estratégica do país é devida à sua singular estrutura topográfica, através da qual passava a antiga Rota da Seda para a China e Índia. Por esta razão, passou por vários controles: Alexandre o Grande (329-326 a.e.c.), Rei Ashuka da Índia (273 a.e.c.), persas (455 e.c.), árabes (652), mongóis (1221), moguls (1504), Xá Nadr da Pérsia (1739), britânicos (1880) e soviéticos (1988). Sempre houve constantes disputas intertribais dentro do próprio país.

A população do Afeganistão se constitui de aproximadamente 23 milhões de habitantes. Um adicional de quatro milhões de refugiados deixaram o país com a invasão da União Soviética em 1988 e com as disputas internas subsequentes entre o Talibã e a Aliança do Norte. Estes refugiados vivem sob condições precárias ao longo da fronteira do Paquistão.

A maioria dos afegãos trabalha na agricultura. Não há indústrias consideráveis ou outras fontes econômicas. Não há estradas modernas, estradas de ferro ou transporte público eficiente. O transporte é feito principalmente em animais de carga. As pedreiras não são exploradas adequadamente, apesar de quantidades de gás natural terem sido descobertas. Nos últimos 20 anos não houve virtualmente nenhum turismo no país.

Em um passado distante, o Afeganistão foi conhecido pela riqueza de seus produtos. É a terra natal da romã, figo, nozes, amêndoas e várias espécies distintas de frutas e vegetais. Suas exportações são pequenas e incluem peles de carneiro, tapetes, algodão, frutas secas e ópio. Os afegãos sobrevivem escassamente. Sua subsistência diária é provida por sua própria produção de animais domésticos.

Os afegãos são conhecidos como combatentes cruéis de batalhas do deserto e nas altas montanhas rochosas.

A maioria dos afegãos são muçulmanos sunitas. Há uma minoria de hindus, mongóis, uzbequistaneses, tadjiques, iranianos e outros.

Dentre as tribos muçulmanas, estão as que se proclamam ser descendentes das dez tribos perdidas de Israel, baseadas no fato de que os nomes de suas tribos se parecem com os das tribos de Israel, tais como Rabani (Reuben), Jadji (Gad), Shinvari (Shimon), Afridi (Efraim) e a tribo Pathan, que proclama descender do Rei Shaul.

Membros destas tribos praticam alguns costumes parecidos com os judaicos: acendem velas na véspera de Shabat, não se barbeiam e possuem xales parecidos com um talit. Estas tribos preservam suas famílias e identidades tribais.

Primórdios Judaicos

De acordo com fontes antigas, os judeus chegaram ao Afeganistão após a derrota de Israel na Samaria pelos Assírios, em 720 a.e.c. Os assírios dispersaram as dez tribos para vários países sob seu domínio, incluindo a Pérsia, Média e Afeganistão.

Não há documentação referente ao primeiro assentamento judaico no Afeganistão. Entretanto, achados arqueológicos apontam uma presença judaica na área. Foram achadas inscrições nas montanhas rochosas na Rota da Seda, em letras hebraicas, entre Herat e Kabul, datadas do ano 750. Uma inscrição diz: “David ben Avraham crê em D’us, possa Ele ser seu Salvador, amen”. Outras duas inscrições, com ligeiras variações, sugerem tratarem-se de mercadores judeus em seu trajeto numa caravana através do deserto. Provavelmente sentiam medo ao passar através dos caminhos das sinuosas e altas montanhas e oravam a D’us para que pudessem alcançar seu destino em paz.

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Em 1962, arqueólogos descobriram na região de Herat remanescentes de instalações judaicas e um antigo cemitério datado de 1.000 anos antes. Desde então, cerca de 100 túmulos do século XI ao século XIII têm sido descobertos. Sobre as lápides estão gravados os nomes dos falecidos e a data de suas mortes em letras hebraicas. A sepultura mais antiga data de 1012, e a mais recente, de 1249.

Uma lápide particularmente impressionante, única em estilo e formato, foi encontrada próxima à cidade de Kandahar. Em uma pedra de mármore datada de 1320, estão inscritas 17 linhas de texto sobre a personalidade do morto. “O ministro e dignitário, Sua Excelência Moshê ben Efraim Betsalel. Eu preconizo que sua alma descanse em paz perante D’us com bondade, possa sua descendência florescer para sempre...”. Segundo esta inscrição, parece tratar-se de uma pessoa com status público expressivo. Talvez um honorável ministro que morreu de causas não naturais, talvez assassinado, por ser enfatizado: “... um dia de desastre e maldição... um dia da queda do cipreste... um dia de indignação e ira... um dia em que sua grandiosidade foi rebaixada”.

Em fontes árabes do início do século VIII é relatado que o Califa Omar Segundo (712-720) ordenou ao regente de Chorasan, Nassr Ibn Saiar, desistir da destruição das sinagogas existentes. Por outro lado, ele proibiu a construção de novas sinagogas. Os judeus também são mencionados em um incidente no qual surgiu um conflito no início do século X entre um líder local e o diretor da Academia Talmúdica de Pumbedita, sobre a distribuição das doações que tinham vindo das comunidades judaicas a Chorasan.

O Último Judeu do Afeganistão

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No início do século XX, mais de 40.000 judeus viviam em paz no Afeganistão, onde, acredita-se, chegaram após a dispersão das Dez Tribos de Israel.

Esse número variou bastante ao longo dos séculos, uma vez que, com a invasão de Genghis Khan, no século XIII, muitos judeus foram exterminados.

Por sua vez, a população de judeus no Afeganistão voltou a crescer durante o século XIX, quando foram acuados entre a espada e a conversão ao Islã, na Pérsia. Na época, não podiam construir sinagogas que fossem mais altas que as mesquitas locais. Também não podiam montar cavalos, que estavam reservados para as classes superiores. A maior parte dos judeus trabalhava com artesanato, tingindo tapetes, ou como vendedores ambulantes.

Durante o século XX, nova baixa na população, após a aproximação dos nazistas no período da Segunda Guerra. Os que não foram massacrados, acabaram fugindo para diversos outros países, com a ajuda de diversas organizações judaicas. Os poucos remanescentes acabaram deixando o Afeganistão quando os soviéticos invadiram o país, em 1979.

Hoje, a população de judeus no Afeganistão está reduzida a apenas uma pessoa. Zablon Simintov, de 59 anos, é nascido na cidade de Herat, não fala hebraico e é dono de um café, que mantém desde 2009.

Ciente da cultura extremamente conservadora que cerca o país nos dias atuais, Zablon se esforça para não expor sua identidade e perder os poucos clientes que sustentam seu estabelecimento.

Sua rivalidade com o penúltimo judeu afegão, Isaac Levin, falecido em 2005, acabou tornando-o famoso, a ponto de inspirar uma peça de teatro.

Zablon afirma que não é nada fácil ser judeu observante sozinho. Além disso, ele se mantém em seu pequeno quarto, próximo de uma sinagoga na cidade de Cabul, capital do Afeganistão, com a ajuda de instituições judaicas de todo o mundo e de seus vizinhos muçulmanos.

Sua esposa e suas duas filhas vivem em Israel, mas Zablon recusa-se a fazer o mesmo, mantendo-se firme como o último judeu do Afeganistão.

Assentamentos Judaicos

Os assentamentos judaicos do Afeganistão passaram por muitas transformações, sofrendo fisicamente e tendo seus bens roubados a cada vez que o regime trocava de mãos. Os conquistadores muçulmanos forçaram os habitantes a aceitar o islamismo, sob pena de morte.

Após a conquista muçulmana, os mongóis, sob a liderança de Genghis Khan e outros conquistadores, chegaram. Nessas batalhas, os povos da região foram massacrados. Dentre eles os judeus. Aqueles que sobreviveram fugiram para países vizinhos até que a calma fosse restaurada.

Por volta do ano de 875, na cidade de Balkh, um judeu chamado Chivi escreveu um trabalho compreendendo 200 questões - “Msa’il” em árabe - sobre a Bíblia e a natureza de D’us. As questões de Chivi desencadearam uma tempestade entre os judeus, que zombaram dele e chamaram-no de herege. As questões investigativas propostas por Chivi foram respondidas pelo Rabi Saadyá Gaon, um dos maiores eruditos do judaísmo. A disputa deles serve para provar que na cidade de Balkh havia uma proeminente comunidade judaica. Balkh foi outrora denominada de “Bab-el-Yahud” - o Portão dos Judeus - e na Idade Média foi um importante local de encontro entre persas, hindus, árabes, chineses e judeus. O viajante Joseph Wolf relatou que em 1932 encontrou lá apenas 40 famílias judias. Um outro viajante, Efraim Newmark, encontrou um número similar em 1885 e também relatou sobre uma “grande e antiga sinagoga”. Em 1950, Elnatan Yekutieli descreveu uma comunidade com 32 famílias e duas sinagogas que ainda sobreviviam na cidade. Hoje não há sequer um judeu em Balkh.

Uma importante comunidade floresceu também na cidade de Ghazni no século X. O governador de Ghazni era Mahmud Megazni (998-1030), conhecido por inúmeras conquistas, desde o Eufrates no Iraque ao Ganges na Índia. Ele empregou judeus como administradores de seus negócios.

O famoso viajante Benjamin de Tudela, que atravessou a região em 1170, escreveu em seus diários: “...Ghazni, a grande cidade no rio Gozan, na qual habitam cerca de 80.000 israelitas” (o que parece ser um número exagerado). “Esta é uma cidade mercantil para a qual vêm comerciantes de todas as línguas, e é verdadeiramente grande”. Muitos estudiosos identificaram Ghazni, ou Kazna, como a cidade de “Gozen”, mencionada na Bíblia, para a qual as dez tribos de Israel foram exiladas pelos assírios em 720 a.e.c.

Os judeus também habitaram em Meymanê, a nordeste de Herat, que nos tempos medievais foi conhecida como “El-Yehudia”. Em Meymanê havia uma pequena comunidade judaica somente de homens que, por razões de segurança, não levavam consigo suas famílias. Os homens trabalhavam em Meymanê um certo número de anos, economizavam dinheiro e retornavam a seus lares. Eles se orgulhavam de ter um shochet, uma sinagoga e uma área residencial especial para os judeus. Em 1876, as tribos uzbequistãs se rebelaram contra os dirigentes afegãos e 13 líderes judeus da comunidade foram mortos pelos afegãos, que sitiaram a cidade para reconquistá-la. Os judeus do Afeganistão costumavam lembrar a data do massacre como um dia de luto e de advertência.

A população judaica do Afeganistão cresceu consideravelmente acompanhando uma difamação racial na cidade de Meshed, no Irã, em 1839. Fanáticos muçulmanos xiitas organizaram motins contra os judeus de Meshed e mataram 33 deles. Danificaram as sinagogas e propriedades judaicas e ameaçaram massacrar a comunidade inteira caso não se convertessem ao islamismo. Os judeus foram convertidos forçadamente sob ameaça de morte e, por falta de escolha, aceitaram o islamismo - pelo menos superficialmente. Assim eles salvaram suas vidas e ficaram conhecidos como “Jeded-al-Islam” - os novos muçulmanos. Em pouco tempo muitos judeus conseguiram fugir de Meshed para a cidade vizinha de Herat, no Afeganistão. Lá, foram calorosamente recebidos pela comunidade local. Eles levaram consigo um despertar espiritual e cultural e um fortalecimento para a comunidade judaica.

Após a Revolução Bolchevique e, mais tarde, nos anos 1920 e 1930, muitos judeus escaparam das cidades da Ásia Central Soviética - de Bukhara, Tashkent, Samarkand, Dushanbe e seus arredores - para o Afeganistão, onde buscaram refúgio temporário entre os judeus de Kabul e Herat, antes de seguirem caminho para Israel.

Nos últimos 200 anos, os judeus também habitaram cidades do norte do Afeganistão, tais como Mazar e-Sharif, Sheberghan, Kalanov, Andkhoy, Marv e outras. Mas a maioria dos judeus se concentrou na cidade de Herat.

Judeus em Herat

Herat foi considerada a passagem para a Índia. Foi tanto uma cidade de comércio como também o principal atalho na Rota da Seda. No século XV, a cidade alcançou o pico de seu florescimento cultural, atraindo estudiosos, poetas e artistas. Na cidade havia quatro belas sinagogas, construídas em períodos diferentes. As sinagogas (chamadas “kenissá”) foram intituladas de acordo com personalidades e rabinos que serviram a comunidade.

As sinagogas foram construídas em uma forma alegre. A maioria era decorada com grinaldas coloridas, flores em relevo e desenhos geométricos. Cada sinagoga comportava cerca de 400 pessoas sentadas e continha uma galeria para as senhoras. Elas possuíam uma ou duas arcas para os rolos da Torá, vários objetos sagrados, uma cadeira para o Profeta Eliyáhu, uma guenizá (um depósito para escritos sagrados), um micvê, e dependências residenciais para o rabino e sua família.

A sinagoga era o centro espiritual da comunidade. As pessoas entravam lá com temor reverente e respeito após tirarem os sapatos. Os assentos eram no chão, sobre tapetes ou esteiras de junco. Cada membro tinha um lugar fixo, que herdava de seu pai e passava para seu filho.

Os dirigentes da congregação, assim como todos os portadores de posições públicas na comunidade, preenchiam suas tarefas voluntariamente.

Geralmente, um número de famílias viviam juntas em um grande pátio cercado por altos muros. Em cada pátio havia um poço, um forno para assar pão, um local para estocar alimentos, e utensílios de argila para o preparo de vinho. As mulheres saíam de casa com os rostos cobertos, envoltas num chador preto ou azul escuro.

Os judeus afegãos se diferenciavam dos demais habitantes por suas vestimentas, que eram principalmente caracterizadas pelo uso de um chapéu preto ou cinza guarnecido de peles. Os anciões da comunidade usavam um colete branco. Os judeus se ocupavam de negócios e viagens comerciais, servindo como intermediários entre as tribos muçulmanas. Não exerciam atividades ligadas à agricultura; seus jardins e pomares eram cuidados pelos muçulmanos. Eles se ocupavam com o comércio de couro, preparando as peles de carneiro, e com a fabricação e venda de tapetes.

Os judeus afegãos tomavam o cuidado de não procurar não judeus para arbitrar em decisões relacionadas com família, comércio, herança e várias outras. Eles escolhiam um número de anciões da comunidade para ouvir as partes envolvidas. A decisão resultante, mesmo que fosse severa, obrigava ambas as partes, sem o direito de apelação. As pessoas não se divorciavam. Às vezes, um homem se casava com uma segunda esposa, principalmente por motivo de infertilidade. Porém, a primeira esposa continuava a viver com ele no mesmo pátio.

As várias ocupações e mudanças de governo no Afeganistão causaram o enfraquecimento da comunidade judaica e a sua separação do grande mundo judaico. Turistas e viajantes judeus raramente visitavam o país. Até a Aliança Francesa, que abriu escolas judaicas em inúmeros países, incluindo o vizinho Irã, não foi capaz de fazê-lo no Afeganistão. As autoridades locais temiam que a influência estrangeira desse abertura à educação ocidental. Mesmo os líderes da comunidade judaica receavam a educação moderna, temendo que ela afetasse a tradição religiosa judaica. Em 1927, os rabinos da comunidade evitaram a matrícula das crianças em escolas muçulmanas, com medo que estas tentassem convertê-las.

Não havia yeshivot nem casas de estudo específicas. Os adultos estudavam Torá em grupos dentro de uma sinagoga após as orações. Eles não estudavam assuntos leigos de escritos muçulmanos. As mulheres não estudavam formalmente; a educação que recebiam era dada em casa por meio de professores particulares.

Os judeus afegãos começaram a emigrar para Israel com suas famílias em 1890. O primeiro emigrante de Herat foi Mula Yossef Gol, em 1841, cuja jornada a pé levou quase um ano. Em 1892, a família de Shaul Gol, impressores e editores de livros sagrados, chegou em Israel e fixou residência em Jerusalém. Lá, edificaram construções no bairro de Bucharian. Entre elas, duas sinagogas.

Em 1922, o rabino chefe do Afeganistão Rabi Mula Yaacov Siman-Tov emigrou para Jerusalém com a idade de 77 anos. Sua emigração fortaleceu a resolução da comunidade a sair. Muitos seguiram seu exemplo, entrando em Israel ilegalmente. Alguns foram apreendidos, aprisionados, e até deportados pelas autoridades mandatárias britânicas, mas retornavam por outros meios.

Política

No início do século XX, o Afeganistão se recusou tomar parte em conflitos internacionais. Fechou-se para o mundo e não participou da 1ª nem da 2ª guerra mundial. Entretanto, um grupo de afegãos clandestinamente se identificou com agentes secretos nazistas. Cerca de 300 membros do Reich alemão estabeleceram-se no Afeganistão e organizaram um movimento pró-germânico. Em uma carta ao ministro do exterior alemão Joachim von Ribbentrop no dia 15 de fevereiro de 1942, o embaixador alemão no Iraque escreveu: “Está quase em tempo de nós sairmos de nossa posição passiva nos países árabes. Quando capturarmos Tiflis, teremos condições de penetrar na região arábica pela Pérsia. A meta do nosso avanço será o Iraque, Síria, Palestina, o Canal de Suez e o Golfo Pérsico”.

Agentes do Terceiro Reich ajudaram o Afeganistão econômica e tecnicamente. Lá eles participaram em manifesto incitamento ao anti-semitismo. Eles motivaram os afegãos a banir os judeus de papéis decisivos ou de atividades em negócios estrangeiros. Além disso, expulsaram-nos das áreas das fronteiras do norte para o interior.

Em 1941 as forças aliadas impuseram completa neutralidade no Afeganistão e expulsaram os agentes nazistas de seus territórios. Assim se desvaneceu a ameaça de morte que pairava sobre os judeus do Afeganistão. Mas a maioria dos judeus continuou buscando meios de deixar o país. Os afegãos proibiram a emigração, mas muitos judeus foram bem-sucedidos em escapar.

Há muitas coisas em comum entre os judeus do Afeganistão, Pérsia e Bukhara. As três comunidades participaram de uma história em comum. Elas pertenceram à mesma região geográfica e falavam a mesma língua - persa - com algumas leves variações. Atualmente, quando se fala a respeito de conservar-se as tradições das comunidades étnicas, faz-se alusão a três correntes: árabe, idish e ladino. Mas existe uma quarta corrente - a persa. Esta possui uma ampla gama de literatura própria, que poderia contribuir para o tesouro do pensamento criativo judaico.

Hoje há aproximadamente 20.000 judeus de descendência afegã em Israel. À parte de Israel, judeus afegãos são encontrados nos Estados Unidos, Grã Bretanha e outros diversos países europeus.

Da revista “Ariel”
Com permissão dos editores