Matérias >> Edição 164 >> Pensando Bem II

Orgulho

R. Kalman Packouz z"l

Certa vez, conheci um senhor de idade extremamente orgulhoso!

Eu estava visitando uma pessoa num hospital. Então encontrei um homem que ficou especialmente feliz ao me ver. Ele disse: “O senhor é o primeiro rabino com quem falo desde o meu bar mitsvá, há 50 anos atrás! Quero que saiba, que nunca encontrará um judeu com mais honra de ser judeu do que eu! Se alguém disser alguma coisa contra outro judeu ou contra o povo judeu, eu bato nele!”

Fiquei muito impressionado com o comprometimento e a vanglória daquele homem de 63 anos de idade. Então perguntei: “Por favor, eu adoraria saber por que o senhor tem tanto orgulho do povo judeu?” E ele respondeu: “Rabino, o senhor não ouviu? Eu lhe disse que se qualquer um disser algo contra os judeus, eu bato nele!”

Tentei mais duas vezes descobrir a fonte de sua honra em ser judeu, mas a resposta foi a mesma. Ele apenas reiterava suas habilidades de pugilismo.

Mas eu sei, de fato, que existem muitos motivos para esta honra. Todas as manhãs, quando acordo, agradeço a D’us por ser membro do povo judeu e por poder trabalhar por ele!

E se pudéssemos comprar um livro que nos enchesse de orgulho pelo judaísmo e nos desse toda a ‘munição’ para responder a um rabino curioso visitando um hospital?

Eis a solução: o rabino Ken Spiro, meu colega e amigo, escreveu o livro “WorldPerfect - The Jewish Impact on Civilization”. Por muitos anos o rabino Spiro, um historiador, iniciava suas aulas de História Judaica perguntando a seus alunos quais valores eles e o mundo achavam necessários para se criar uma sociedade utópica. Eis os resultados mais significantes, compilados de aproximadamente 1.500 alunos:

1) O valor da vida: As pessoas têm o direito à vida, a viver com certos direitos e com uma dignidade básica.

2) Paz mundial: Em todos os níveis, na comunidade e no mundo, as pessoas e nações devem coexistir em paz, harmonia e com mútuo respeito.

3) Justiça e igualdade: Todas as pessoas, independente de raça, sexo ou status social, têm o direito a serem tratadas igualmente aos olhos da lei.

4) Educação: todos têm o direito de ser alfabetizados, sendo isto uma ferramenta básica para o progresso pessoal e para adquirir sabedoria.

5) Família: uma estrutura familiar forte e estável é necessária para preservar os fundamentos morais de uma sociedade.

6) Responsabilidade social: individual e nacionalmente, somos responsáveis uns pelos outros. Isto inclui a responsabilidade por doenças, pobreza, fome, criminalidade e drogas, bem como os problemas ambientais e os direitos dos animais.

De onde vieram estes valores? A maioria das pessoas diria: Grécia ou Roma. Ficaríamos surpresos ao descobrir que estão errados? Num livro fascinante e muito bem documentado, o rabino Spiro joga luzes sobre a origem dos valores e virtudes da Civilização Ocidental. Será que ficaríamos surpresos em descobrir que os valores acima vieram do povo judeu?

Agora, se você está pensando: “O bom rabino deve estar exagerando ‘um pouquinho’ sobre a influência judaica no mundo civilizado”, trago, para apoiar-me, John Adams, o segundo presidente e um dos Pais Fundadores dos Estados Unidos.

Escreveu o Sr. Adams em uma carta enviada a F. A. Van der Kemp (Sociedade Histórica da Pensilvânia, 1808):

“...Eu insisto que os judeus fizeram mais pelo homem civilizado que qualquer outra nação. Se eu fosse um ateu e acreditasse num destino cego e eterno, ainda assim acreditaria que o destino ordenou aos judeus a serem os mais essenciais instrumentos para civilizar as nações... Eles são a mais gloriosa nação que jamais habitou a Terra. Os romanos e seu império não eram mais que quinquilharias comparados aos judeus. Os judeus deram religião a três quartos deste globo e influenciaram os negócios de todo o gênero humano, mais e com maior alegria que qualquer outra nação, antiga ou moderna.”

Ainda sobre a influência dos judeus quanto aos valores da humanidade, Paul Johnson, um historiador cristão, escreveu em seu livro “The History of the Jews” - A História dos Judeus - (New York: Harper & Row, 1987):

“Uma maneira de resumir 4.000 anos de História Judaica é perguntarmo-nos o que teria acontecido à raça humana se o povo judeu não viesse a existir. Certamente o mundo seria um local radicalmente diferente. Pode ser que a humanidade viesse a descobrir sozinha os valores e pensamentos judaicos, mas não podemos ter certeza.

“A eles (aos judeus) devemos a idéia da igualdade perante a lei, da santidade da vida, da consciência coletiva e da responsabilidade social, da paz, do amor e de muitos outros itens que constituem o embasamento moral da mente humana. Está fora de nossa capacidade imaginar como o mundo funcionaria se eles não tivessem existido!”

Mas orgulho pelo passado não é suficiente. Este ainda não é um mundo perfeito e ainda há muito a ser feito. O judaísmo nos ensina que não precisamos ser um Moisés ou o Messias para criar um diferencial. Toda pessoa é única. Todos possuímos um jeito especial de tornar o mundo um lugar melhor.

A Yeshivá Êsh Hatorá lançou o seu mais importante seminário: Mundo Perfeito - O Impacto Judaico na Civilização. O Seminário conclui assim: “Hoje em dia, muitos judeus pensam que o judaísmo é irrelevante. Basta dar uma olhada no que os judeus têm dado ao mundo. Os judeus, hoje, têm muito do que se orgulhar. Orgulho não é arrogância nem convencimento. Orgulho é o auto-respeito justificável. O poder do judaísmo em influenciar o mundo com valores que abrangem e encerram as fundações da civilização devem ser uma fonte de orgulho judaico.

Certa vez, vi um pôster de um garotinho rústico e feio. Sob a foto estava escrito: “Eu sei que não sou imprestável, porque D’us não faz coisas imprestáveis”.

Nenhum de nós é um simples turista neste planeta. Cada um desempenha um papel ativo. Maximize seu potencial e coloque sua assinatura única neste mundo!

Meor Hashabat Semanal