Matérias >> Edição 174 >> De Criança Para Criança

Alegria no Lar dos Velhos

Chayim Walder

De Criança Para Criança

Meu nome é Efráyim.

Estudo na quinta série. Sou bastante bom nos estudos e muito bem aceito pela turma.

Sou baixinho, mas isso não me atrapalha em nada na vida. Mamãe diz que o que a altura não faz, o cérebro faz, e vejo que ela tem razão. É um fato: apesar de ser o mais baixo da classe, sou o chefe da comissão da classe e organizo o coral da escola.

Um dia, um garoto entrou na classe e exclamou:

- O diretor está chamando o Efráyim!

Sobressaltei-me. O que eu poderia ter feito?

Toda a classe olhou para mim com pena e eu me dirigi vagarosamente para a sala do diretor, tentando recordar-me - será que merecia algum castigo ou bronca?...

O diretor não parecia nem um pouco irritado. Ele até me convidou a sentar à sua frente. Depois ele disse:

- Ligaram-me agora do lar dos velhos e pediram-me que mandasse um coral de crianças para alegrarem os velhinhos na festa de Chanucá.

Foi como se um peso saísse de meu coração. Um suspiro de alívio escapou de meus lábios.

O diretor sorriu. Ele entendeu o que se passara em minha mente e perguntou:

- Você topa?

- Claro! - respondi, dando-lhe os nomes dos garotos que se adequavam, a meu ver, àquela missão.

Mas os meninos não se entusiasmaram como eu para aquela tarefa. Quando lhes contei aonde pretendíamos ir, disseram:

- Que coisa enjoada! O que já dá para se fazer num lar de velhos?

Foi então que eu também fiquei confuso. Como seria? Como os velhinhos reagiriam? Será que iríamos conseguir alegrá-los? Será que eles colaborariam conosco? Mas, a despeito de tudo isso, tentei animar meus amigos.

No dia seguinte uma perua veio à escola e levou-nos ao lar dos velhos.

Ao chegarmos no salão, os velhinhos já estavam sentados em seus lugares. Parte deles estava conversando, enquanto a outra tinha o olhar perdido no vazio, sem nos dar atenção alguma. Percebi que meus colegas estavam desesperados. Eu também não estava entusiasmado com o que vi.

Mas foi então que decidi dominar a situação. Peguei o microfone e disse-lhes: “Imaginem que somos seus netos e cantem junto conosco!”.

Então a banda começou a tocar uma música de Chanucá e nós começamos a cantar.

O que aconteceu então... - nem consigo descrever!

Os velhinhos batiam palmas com força, balançavam-se e cantavam de acordo com o ritmo. Alguns deles até se levantaram de seus lugares e começaram a dançar! E todos, sem exceção, estavam sorrindo. Foi o máximo! Nunca vi pessoas tão felizes!

Foi então que percebi, com o canto do olho, uma velha senhora. Seus olhos mal estavam abertos e ela parecia indiferente ao que acontecia - como se não se importasse com o que ocorria à sua volta. No começo, achava que ela estivesse dormindo, mas depois vi seus olhos se mexendo. Sabia que ela estava acordada e prestando atenção.

Decidi aumentar o volume da música e pedi aos garotos para cantarem mais alto. De fato, a velhinha como que despertou para a vida e começou a balançar e bater com a mão levemente em sua cadeira, ao ritmo da música.

Eu sabia que fiz uma mitsvá!

Depois da apresentação, o diretor da instituição nos disse que nunca houve tamanha alegria naquele local, desde sua fundação.

- Vi velhinhos que não falavam há anos rindo! - ele acrescentou.

No caminho, os garotos me agradeceram:

- Você tinha razão. Nunca tivemos uma experiência tão alegre e emocionante!

Todos nós decidimos que velhinhos são pessoas muito interessantes. É só saber como falar e se comportar com eles. Eles sabem se divertir como qualquer ser humano. Se houver quem os alegre!...

À noite, enquanto tentava adormecer, fiquei pensando justo naquela senhora que de início não reagia ao que acontecia à sua volta e que conseguimos alegrar.

Aquele instante me emocionou mais do que todos os outros momentos tocantes daquela apresentação.

Ao pensar nisso, entendi que aquela sensação maravilhosa não era a de saber que os velhinhos são pessoas interessantes, mas sim, pelo fato de ter conseguido fazer com que alguém muito só e alienado ficasse alegre por alguns momentos. Com esse pensamento adormeci... com um sorriso em meus lábios.

Tradução de Guila Koschland Wajnryt
Permissões exclusivas para a Nascente
Chayim Walder em “Yeladim Messaperim al Atsmam”,
baseado em cartas recebidas de crianças.