Matérias >> Edição 174 >> Variedades I

US$7.000,00!

Recentemente o jovem Ariel arriscou sete mil dólares. E o que ganhou?

Variedades I

Monsey é uma pequena cidade no estado de Nova Iorque, com uma população de pouco mais de 15.000 habitantes, predominantemente judaica. Situada 49 quilômetros ao norte da cidade de Nova Iorque, são necessários cerca de 90 minutos de ônibus para chegar ao centro de Manhattan.

Não faltava muito para o grande dia em que o jovem Ariel (nome fictício) se casaria.

Numa quinta-feira, seu pai o chamou para dizer-lhe o seguinte:

- Querido Ariel. Gostaríamos muito de presentear sua noiva antes do casamento. Por favor, pegue estes sete mil dólares e vá amanhã procurar uma bela jóia em Manhattan para oferecer a ela como nosso presente.

O jovem ficou muito contente e até já tinha em mente o que compraria.

No dia seguinte, logo após a oração de Shachrit, pegou o ônibus para Manhattan. O centro de Manhattan é famoso por abrigar inúmeras joalherias famosas.

Chegando a seu destino, Ariel começou a observar algumas vitrines que expunham belíssimas jóias. Depois de várias contemplações, entrou em uma das lojas.

O jovem explicou ao vendedor o que procurava. Em poucos minutos o atendente lhe trouxe algumas peças. Mas nenhuma delas o agradou. Mais alguns minutos e novas jóias foram trazidas. Essas também não eram parecidas com o que Ariel esperava comprar para sua noiva.

Ele saiu daquela loja e entrou em outra. Na nova joalheria, algo muito parecido aconteceu. Ariel resolveu, então, interromper sua busca para almoçar.

Após o almoço o noivo entrou em mais algumas lojas, mas não conseguiu se decidir por nada que viu.

Apreensivo, passou toda a viagem olhando para o relógio e fazendo cálculos de quantos minutos faltavam para começar o Shabat.

Quase no pôr-do-sol, Ariel percebeu que precisava sair imediatamente do ônibus, pois ainda levariam uns dez minutos para chegar à sua casa.

Sem outra alternativa, o jovem desceu rapidamente do ônibus e entrou numa loja. Dirigiu-se ao dono e disse:

- Por favor, senhor, ajude-me. Como vê, sou um judeu ortodoxo. Estamos quase na hora do pôr-do-sol e eu ainda não cheguei em casa. Não posso carregar nada no Shabat. Fique com minha carteira e este envelope contendo U$7.000,00. Segunda-feira pela manhã eu voltarei para buscá-los.

Mas o homem não queria “dor de cabeça” e recusou o pedido.

Ariel saiu correndo e entrou na loja vizinha.

Novamente foi até o comerciante, um senhor idoso, e fez o mesmo pedido.

- Pois não, rapaz; sem nenhum problema - foi a resposta.

Na segunda-feira de manhã, Ariel foi com seu pai até a loja onde ele deixara o dinheiro.

Ao entrar no estabelecimento, não precisaram dizer uma só palavra. O velhinho com quem Ariel conversara na sexta-feira correu ao seu encontro, abraçou-o e disse com os olhos lacrimejantes:

- Querido rapaz, aqui estão seus pertences. Você não imagina o que aconteceu comigo nestes três dias!

- Você não tinha como saber, mas eu também sou judeu - continuou dizendo. - Passei a Segunda Guerra Mundial em um campo de concentração nazista. Quando fui libertado, decidi vir para os Estados Unidos recomeçar minha vida. Naquela época era muito difícil praticar o judaísmo aqui. Assim, aos poucos fui abandonando nossas tradições até ficar totalmente afastado de tudo o que diz respeito ao judaísmo.

- Na sexta-feira, quando você entrou aqui e arriscou perder seus U$7.000,00 para não profanar o Shabat, lembrei de minhas raízes. Não consegui dormir toda a noite e fiquei chorando, pensando como pude me afastar tanto! Então, tomei a decisão de voltar a respeitar o Shabat e recomeçar minha vida judaica.

- Pegue seus pertences, meu filho - concluiu o comerciante. - Que pelo mérito desta sua boa ação D’us o abençoe e que você seja muito feliz!

*   *   *

Mesmo sem intenção, nossas atitudes influenciam os demais e podem até mudar a vida de espectadores desconhecidos.

É por isso que a realização de uma mitsvá em público é considerada como um kidush Hashem - a santificação do Nome de D’us.