Matérias >> Edição 174 >> Variedades III

Matsá Shemurá no Alojamento

A seguinte história aconteceu em um dos campos de concentração da Alemanha Nazista.

Variedades III

O campo de concentração era dirigido por mulheres da SS - alemãs perversas que atormentavam as jovens judias, obrigando-as a realizar trabalhos dos mais difíceis e sujos. Tiravam-lhes seus pertences, não lhes davam de comer e zombavam delas, desprezando-as a todo momento.

Entre as moças que se encontravam no campo, havia uma jovem proveniente de um lar chassídico, que conseguiu salvar seu sidur e escondê-lo no alojamento. O sidur tinha lhe sido entregue pelo seu pai antes que os capturassem. Na última folha em branco, o pai anotara para a jovem as datas de todas as festas judaicas dos três anos seguintes.

“Com este sidur” lhe dissera o pai com os olhos lacrimejantes, “quando lhe for possível, reze e suplique ao Todo-Poderoso. O fundamental é que se lembre do Shabat e dos yamim tovim.”

A filha devota fez tal como seu pai lhe dissera, entregando todas as suas coisas, menos o sidur. Quando ela saía para trabalhar, deixava-o com outra moça para que cuidasse dele.

Com aquele sidur, confortavam-se todas no alojamento. Quando uma moça passava por algum desgosto, elevavam uma prece e o Senhor do Universo as consolava.

O sidur sempre estava em seu pensamento. Mas de algo esqueceu.

Um dia, quando estava sozinha folheando o sidur, olhou a última folha e exclamou:

“Talvez tenhamos esquecido alguma festa!” Tremendo, examinou o calendário e concluiu: “Sim! Esquecemos de Purim. Mas não de Pêssach. Para Pêssach ainda faltam duas semanas.”

Nessa mesma tarde, quando suas companheiras regressaram do trabalho, reuniu-as e disse-lhes:

“Amigas. Está chegando Pêssach. Precisamos preparar um Sêder. Faremos um Sêder como faziam na Espanha, às escondidas.”

Então uma das jovens exclamou:

“Se ao menos conseguíssemos um pedaço de matsá, como um sinal, uma lembrança!... Poderia acontecer um milagre...”

Ao lado daquele campo havia outro, de prisioneiros de guerra franceses, também dirigido pelos nazistas. Mas naquele campo o tratamento para com os prisioneiros era melhor. Eles recebiam comida e encomendas de seus familiares.

As moças não podiam ter nenhum tipo de contato com os prisioneiros franceses. Mas, certo dia, aconteceu algo muito especial. Jogaram um papel para o campo das mulheres, que caiu justamente nas mãos da moça do sidur. No papel estava escrito o seguinte:

“Valiosas filhas do povo judeu! Eu também sou judeu. Os alemães não sabem disso. Muitos franceses sabem, mas não me delataram. Sei que vocês são filhas judias e gostaria de ajudá-las de alguma forma. Digam-me o que necessitam, talvez eu consiga proporcionar. Escrevam em um papel e, ao sair para trabalhar no campo, deixem o papel na pedra grande. Mantenham-se fortes! A hora da liberdade está próxima e vocês ainda devem cumprir sua missão, futuras mães judias!”

A carta não estava assinada, mas estava escrita em yídish. Além disso, continha as iniciais hebraicas bêt e , o que significa “bendito seja Seu Nome”, sinal que foi escrita por um judeu temente a D’us.

“Nós queremos uma matsá. Se não for possível, um pouco de farinha branca para assar uma”, foi a resposta.

Dois dias depois, quando as moças passaram por ali, caiu um pacotinho. Qual não foi a surpresa ao constatarem que continha um pouco de farinha e uma nota, que dizia:

“Bem-aventuradas vocês, queridas filhas judias! Estou orgulhoso por se lembrarem que se aproxima Pêssach. A farinha foi-me dada por um francês não judeu que recebe encomendas de sua casa. Quando soube para que vocês necessitavam da farinha, chorou e disse: ‘Vocês são um grande povo se têm filhas assim!’. E me deu o pacote inteiro. Pensem em mim quando cumprirem o preceito das matsot. Talvez eu não possa cumpri-lo. Tenham um chag samêach, queridas filhas sagradas.”

Nessa mesma noite, enquanto os demais dormiam, elas levantaram e, com muita dificuldade, assaram suas matsot.

Ao terminarem, cada uma pegou seu pedaço de matsá e o envolveu em um pano. Quando a moça do sidur pegou sua parte, disse:

“Sabem o que, amigas? Isto não é uma matsá comum, é uma matsá shemurá!... Nós conseguimos cuidá-la dos olhos dos demoníacos alemães.”

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