Matérias >> Edição 183 >> Dinheiro em Xeque

A Carta

Todas as dúvidas e divergências monetárias de nossos dias podem ser encontradas em nossos livros sagrados!

Variedades

Aconteceu há dois anos com uma garota norte-americana de 10 anos.

Todos os dias ela chegava atrasada na escola devido à sua enorme preguiça.

Recebeu conselhos. Recebeu várias advertências... Negativos... Suspensões.

Até que, certo dia, esgotadas todas as opções corretivas, a diretora expulsou a menina da escola.

A garota, inconformada com a situação, tomou uma medida extrema - escreveu uma carta para o presidente da república.

Na carta, explicou sua situação e pediu para que o presidente interviesse no assunto. Solicitou que ele pedisse para a diretora aceitá-la novamente na escola...

E, por incrível que pareça, o presidente respondeu! Enviou uma carta escrita de próprio punho em papel timbrado da Casa Branca, na qual pedia à diretora para reconsiderar o assunto e receber a aluna de volta em sua conceituada instituição de ensino.

A aluna entregou a carta para a diretora.

Após ler a carta do presidente, incrédula, a diretora reintegrou imediatamente a aluna à escola.

A garota voltou para casa muito contente com a excelente notícia. Seu pai abraçou-a e pediu para que ela lhe entregasse a carta. Uma carta escrita a mão pelo presidente dos Estados Unidos tem um valor inestimável para muitos colecionadores, e eles poderiam ganhar muito dinheiro vendendo a relíquia.

A garota disse ao pai que a carta ficara com a diretora, mas que no dia seguinte a pediria de volta.

A diretora, por sua vez, negou-se a devolver a carta, alegando que o manuscrito havia sido direcionado a ela.

Como prova de seu argumento, mostrou o que constava logo no início da carta: “Ilustríssima diretora...”.

Com isso, segundo a docente, o manuscrito obviamente lhe pertencia.

Mas a garota refutou o argumento, alegando que o presidente escrevera daquela forma apenas para despertar a compaixão da diretora. Começou a carta com um elogio à diretora para que ela se sensibilizasse e recebesse a aluna de volta. Porém, a carta certamente lhe pertencia, e não à diretora.

Com quem deve ficar a carta?

O veredicto

À primeira vista, diríamos que a razão está com a professora, já que o conteúdo da carta aparentemente era direcionado a ela.

No entanto, o Gaon Rav Yitschac Zilberstein Shlita disse que com certeza o presidente sabe muito bem que uma carta manuscrita tem muito valor. E faz sentido dizer que sua intenção não era a de enriquecer a diretora. Ele desejava, isso sim, agradar e alegrar a garota. Portanto, conclui o Rav Zilberstein, a carta pertence à menina.

 

Do semanário “Guefilte-mail” ([email protected]).

Traduzido de aula ministrada pelo Rav Hagaon Yitschac Zilberstein Shelita

Os esclarecimentos dos casos estudados no Shulchan Aruch Chôshen Mishpat são facilmente mal-entendidos. Qualquer detalhe omitido ou acrescentado pode alterar a sentença para o outro extremo. Estas respostas não devem ser utilizadas na prática sem o parecer de um rabino com grande experiência no assunto.