Matérias >> Edição 183 >> Leis e Costumes III

Cadish

Rabino I. Dichi

Os quatro tipos de cadishim

Existem quatro tipos de cadishim que são recitados diariamente durante as orações nas sinagogas com a presença do minyan:

a) Chatsi Cadish - recita-se apenas de Yitgadal até daamiran bealma veimru amen.

b) Cadish Yatom (Yehê Shelamá Rabá) - recita-se o Chatsi Cadish acrescido dos parágrafos Yehê Shelamá Rabá e Ossê Shalom.

Este Cadish é recitado após a leitura de alguma passagem do Tanach (Torá, Neviím ou Ketuvim) que contenha ao menos três versículos.

c) Cadish Derabanan (Al Yisrael) - recita-se o Chatsi Cadish acrescido dos parágrafo Al Yisrael, Yehê Shelamá Rabá e Ossê Shalom (vide a tradução deste Cadish, que contém os outros dois cadishim citados acima, no final desta matéria).

Este Cadish é recitado após algum estudo da Torá Oral (Torá Shebáal Pê). É costume recitar antes deste Cadish o trecho Rabi Chananyá Ben Acashyá Omer ou Taná Devê Eliyáhu. Por isso, após o estudo de Mishná, dizemos Rabi Chananyá Ben Acashyá Omer antes de recitar o Cadish Derabanan.

d) Cadish Titcabal (Cadish Shalem) - recita-se o Chatsi Cadish acrescido dos parágrafos Titcabal Tselotaná (ashkenazim dizem: tselotehon), Yehê Shelamá Rabá e Ossê Shalom.

O Cadish Titcabal deve ser recitado unicamente pelo chazan (oficiante que conduz as orações)sempre que se termina uma fase das orações.

Quais cadishim os enlutados recitam

Os avelim (enlutados) e os que estão na semana do aniversário de falecimento de um parente devem recitar juntos o Cadish Yatom (Yehê Shelamá Rabá) e o Cadish Derabanan (Al Yisrael).

Os sefaradim costumam que os avelim recitem também o Chatsi Cadish junto com o chazan. Neste caso, o chazan deverá pronunciá-lo com eles.

Cadish no 1º ano de falecimento

É de grande valor dizer Cadish em memória da pessoa falecida. Escrevem os livros sagrados em nome do grande cabalista Haari zal, que o motivo de dizer-se Cadish após o falecimento de um parente é para elevar sua alma.

Considera-se que a pessoa que não pronuncia o Cadish em memória dos pais está depreciando-os, não devendo faltar sequer com um só Cadish.

É costume que o filho, após o falecimento de seu pai ou sua mãe, recite o Cadish na sinagoga durante as três orações diárias nos onze primeiros meses.

O costume sefaradi é não recitar o Cadish na primeira semana do 12º mês, recomeçando-o na segunda semana do 12º mês até o final deste. Depois disto não é mais necessário dizê-lo, a não ser a cada ano na data do falecimento conforme o calendário judaico.

O costume ashkenazi é dizer apenas onze meses. Se, por exemplo, o falecimento ocorreu em 8 de cheshvan, se recitará o Cadish até o fim do dia 7 de tishri, e no Arvit do dia 8 de tishri não mais dirá (este exemplo é para um ano de 12 meses).

Não somente sobre os pais se diz o Cadish, mas também para os outros parentes sobre os quais guardamos as leis de avelut (irmão, irmã, esposa, filho e filha).

Quem tiver pais vivos não dirá o Cadish se seus pais se opuserem a isto. Isso em relação aos cadishim que são ditos pelos enlutados, porém os cadishim que fazem parte das orações e são ditos pelo chazan, como o Chatsi Cadish e o Cadish Titcabal, poderão ser ditos por quem tiver seus pais vivos sem que esses possam se opor.

No caso de a pessoa falecida não ter deixado filhos que possam recitar o Cadish, a família deve incumbir uma outra pessoa que o faça, sendo neste caso preferível remunerar a pessoa que estiver recitando o Cadish.

Obs.: As proibições do avel, leis de sepultamento e outras leis de avelut estão descritas no livro Ner Lechayim, de autoria do Rabino Isaac Dichi Shelita (à disposição dos interessados na Congregação Mekor Haim).

Na data do falecimento a cada ano

Os sefaradim costumam começar a recitar o Cadish a partir do Arvit do Shabat (sexta-feira) que antecede a data anual do falecimento, até a oração de Minchá, inclusive, do dia do falecimento. Os ashkenazim costumam recitar o Cadish somente no dia de aniversário do falecimento.

Conforme o costume sefaradi, se a data anual do falecimento cair no Shabat, a leitura do Cadish terá início a partir de Arvit do Shabat anterior até Minchá do Shabat de aniversário. O costume dos ashkenazim neste caso é recitar Cadish somente no dia de aniversário do falecimento (nas três orações - Arvit, Shachrit e Minchá).

Quem tenha esquecido de recitar o Cadish no dia do falecimento de seus pais, poderá fazê-lo em outro dia qualquer.

Costuma-se visitar o túmulo dos pais a cada ano na data do seu falecimento (yortsayt), recitando-se os seguintes capítulos de Tehilim: 33, 15, 17, 72, 91, 104 e 130. Depois recita-se, no capítulo 119, os versículos referentes às letras de seu nome. Posteriormente diz-se Hashcavá (uma prece em sua memória) e Cadish Yatom.

Obs.: Só se recita o Cadish havendo dez pessoas (minyan) presentes, próximas ao túmulo, e que possam responder amen. Caso contrário não se poderá recitá-lo.

Conduta ao recitar o Cadish

Costuma-se que todos os avelim (enlutados) falem juntos o Cadish no mesmo ritmo, sem que um antecipe-se ao outro, e há congregações que usam o sistema de revezamento.

Ao pronunciar o Cadish deve-se estar de pé, com os pés juntos, e direcionado para Jerusalém (em S. Paulo, para o nordeste) - normalmente o aron nas sinagogas está nesta posição.

Ao chegar atrasado à sinagoga, não sendo possível dar início ao Cadish junto com os demais, não deverá pronunciá-lo pela metade, mas sim aguardar os próximos cadishim.

Caso tenha-se começado a recitar o Cadish com a presença de dez pessoas e, durante o Cadish, alguns se retiraram (o que não deveriam ter feito), caso restarem ao menos seis pessoas deve-se dar continuidade à leitura do Cadish.

O costume é que um jovem com menos de treze anos, que tenha perdido o pai ou a mãe, recite o Cadish na sinagoga junto com o chazan ou junto com outro adulto que esteja recitando o cadish.

Da mesma forma que é proibido passar na frente de alguém que esteja rezando a Amidá, também é proibido passar na frente de alguém que esteja recitando o Cadish. Se houver necessidade, poderá passar somente depois de o pronunciante já ter recitado as palavras “daamiran bealma veimru amen”.

Tradução do Cadish Derabanan

Que seja elevado e santificado o nome do Todo-Poderoso (amen) neste mundo que criou conforme Sua vontade e que faça reinar Seu império, renascer Sua salvação e aproxime a vinda do Mashiach (amen) no decurso de vossas vidas, nos vossos dias e em vida de todos da Casa de Israel prontamente e em tempo próximo; e digam amen (amen).

Seja Seu Nome grandioso abençoado para sempre e para a eternidade. Seja abençoado, louvado, glorificado, enaltecido, elevado e embelezado o Nome do Todo-Poderoso (amen) acima de todas as bênçãos, cânticos e preces que possam ser ditos no mundo; e digam amen (amen). Aqui termina o Chatsi Cadish.

Sobre Israel, seus sábios, seus discípulos e os discípulos de seus discípulos, que estudam diligentemente a lei sagrada, neste e em qualquer outro lugar, haja para nós e para eles graça, favor e misericórdia da parte do Dono dos Céus e da Terra; e digam amen (amen).

Que haja muita paz emanada dos Céus, vida, fartura, salvação, consolo, libertação, cura, redenção, perdão, expiação, descanso e salvação para nós e para todo o Povo de Israel; e digam amen (amen).

Aquele que faz a paz nas alturas, com Sua piedade faça a paz sobre nós e sobre todo o Seu povo de Israel; e digam amen (amen).

Do livro “Leis da Orações”.
Todas as fontes pesquisadas são citadas na referida obra.