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De Tsadic Para Tsadic

Variedades III

Na casa do gaon e tsadic Rav Eliyáhu Lopian zt”l, na cidade de Kelm, pairava uma nuvem de dor e preocupação.

A rabanit Sara Lea, esposa do tsadic, estava muito doente. Rav Eliyáhu viajara para Kovna e trouxera um médico de renome para consultar sua esposa.

O doutor examinou a paciente por um longo tempo e disse:

- Sr. Eliyáhu, infelizmente sua esposa está muito doente. Restam-lhe apenas alguns dias de vida. Como especialista nestes casos, posso afirmar claramente que ainda não foi descoberto nenhum remédio para essa doença.

Ao escutarem as palavras do médico, todos os presentes puseram-se a chorar e a lamentar-se.

Depois de alguns segundos, Rav Eliyáhu disse pausadamente:

- Foi dada permissão para os médicos curarem. Mas a vida e a morte não está em suas mãos. Escutamos o médico dizer que não pode salvar a mamãe, mas certamente Hashem pode. É Ele que cura os doentes. Se nós rezarmos para Hashem, Ele poderá curá-la completamente.

Enquanto a rabanit permanecia imóvel na cama, seus filhos e parentes rezavam fervorosamente entre choros e soluços.

De repente, ouviu-se um ruído vindo da porta. Acabara de chegar um estranho, que logo perguntou qual o motivo de tanto choro.

Rav Eliyáhu explicou a situação que estavam passando. O homem se interessou e fez algumas perguntas sobre a doença da senhora. Depois de ouvir mais alguns detalhes, o homem balançou a mão com desdém, franziu a testa e disse:

- Não ligue para os médicos! Eles só sabem fazer com que desistamos! Vá imediatamente até o campo na entrada da cidade. Lá cresce uma erva excelente para curar esta doença. Colham um pouco dela e façam um chá para a sua esposa. Certamente ela ficará boa.

Mal o homem acabou de falar, despediu-se e seguiu seu caminho.

Rav Eliyáhu ficou parado à porta por alguns momentos, pensando nas palavras do estranho. “Quem era ele? Que conselho estranho...”. Mas resolveu seguir sua recomendação. Afinal, não tinha nada a perder.

Chegando no campo, encontrou vários pés da erva descrita pelo visitante.

A rabanit Sara Lea estava branca como os lençóis e soltava fracos gemidos quando seu marido chegou no quarto com o chá. Com uma colherzinha, ele foi colocando lentamente o líquido entre seus lábios.

Algumas horas depois não se ouviam mais os gemidos da doente. Aos poucos, a cor de sua face foi voltando ao normal e, em poucos dias, ela estava curada.

Rav Eliyáhu ficou perplexo com o milagre e saiu à procura do estranho para agradecer-lhe pelo conselho. Mas ele não estava em nenhum hotel da cidade. Além disso, ninguém mais tinha visto a pessoa descrita pelo sábio.

Após um ano, Rav Eliyáhu foi para Varsóvia para pedir alguns conselhos ao Rebe de Gur, Rabi Yehudá Aryê Leib Alter.

Antes de se despedir do sábio, Rav Eliyáhu pediu-lhe uma berachá. O rebe olhou para ele com um sorriso e disse:

- Uma pessoa que teve o mérito de receber uma visita do próprio Eliyáhu Hanavi não precisa de uma bênção minha...

Rav Eliyáhu ficou surpreso com a afirmação do rebe. Mas depois de alguns momentos de silêncio, respondeu:

- Alguém que possui “rúach hacôdesh” e sabe sobre os fatos ocultos a todos os demais!... Eu certamente necessito da berachá desta pessoa!