
Certa vez, realizou-se uma festa para um rapaz que fez teshuvá - que começou a observar o caminho da Torá - e foi estudar em uma yeshivá.
Nesta festa também compareceu o pai do rapaz, que nascera na Rússia e fez aliyá - emigrou para Israel - há mais de 30 anos. O pai não era religioso e inicialmente negou-se em ir à festa, mas depois concordou em comparecer.
Todos os convidados sentaram-se em volta de uma grande mesa. O clima era agradável e alegre. Durante a festa, foram feitas várias derashot - palestras e discursos - em homenagem ao jovem.
O pai permaneceu quieto todo o tempo. Porém, quando se aproximou do fim da festa, levantou-se e pediu para falar algumas palavras. Contou, então, uma história que acontecera com ele há muito tempo, quando ainda estava na Rússia.
Ele havia sido preso pelo governo comunista e fora mandado para a Sibéria cumprir pena. Lá, encontrou um amigo, que também tinha sido preso e condenado. Antes de ser libertado, foi despedir-se do amigo, que lhe disse:
“Agora que você vai embora deste lugar, quero contar-lhe uma pequena estória:
‘No jardim de nossa casa havia uma árvore de maçãs lindas e deliciosas. Todos os que passavam perto da árvore admiravam-se de sua beleza. Nós fizemos, então, o seguinte cálculo: se as frutas são tão belas quando as raízes estão enterradas no solo, que frutas sairiam se as próprias maçãs estivessem dentro da terra e as raízes, fora! E assim fizemos; porém, em vez de frutas mais bonitas, as frutas murcharam, a árvore morreu e as raízes secaram. Nós achamos que era o fim da árvore, porém, uma maçã resistiu. Dela germinou uma nova árvore e dela frutificaram novas e lindas maçãs.’”
Ao terminar de contar esta estória, o pai do jovem concluiu:
“Após despedir-me do meu amigo, fui embora. Durante anos não entendi o significado dessa estória, mas agora, neste local, eu finalmente a compreendi.”
“Eu também - continuou o pai emocionado - sou daqueles que colocaram a árvore ao contrário. Deixei as raízes do lado de fora e enterrei as frutas. Afastei-me cada vez mais da nossa religião e inverti totalmente os valores que orientam minha vida. Achei, então, que estava tudo acabado e que não havia mais esperança; que todos os frutos de meu judaísmo haviam murchado dentro da terra. Mas vejo que me enganei. Uma das maçãs se adaptou ao solo e recomeçou a brotar. Esta maçã é meu querido filho.”
Com lágrimas de felicidade terminou:
“Seja feliz, filho querido, siga o caminho que você escolheu e salve seu pai e a todos!”
* * *
Esta história eu ouvi de um talmid chacham - estudioso da Torá - que estava presente nessa festa.
Isto tudo é maravilhoso! É o que acontece nesta nossa época onde milhares fazem teshuvá - voltam ao caminho do judaísmo. Maçãs isoladas se enraízam e delas germinam árvores frondosas com muitos frutos!
Assim sendo, que o Todo-Poderoso nos ajude e se concretize o que está escrito no profeta Mal’achi: “E retornará o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos aos pais”.
do livro Sheal Avicha Veyaguedcha.
Histórias contadas pelo Gaon Rabi Shalom Shvadron Shlita