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Gripe Suína

Todas as dúvidas e divergências monetárias de nossos dias podem ser encontradas em nossos livros sagrados!

Dinheiro em Xeque

Efráyim morava em Jerusalém com sua família. Em um dia de férias escolares ele passou o dia com seus três filhos num dos parques da região Norte de Israel.

Eles fizeram várias trilhas, passando por rios e cachoeiras.

Ao entardecer estavam exaustos. Subiram em um ônibus para voltar para casa.

Para infeliz surpresa de Efráyim, todos os assentos do ônibus já estavam tomados. Sendo assim, ele e seus filhos teriam que aguentar duas horas de viagem em pé.

As pessoas que estavam sentadas perceberam a situação desconfortável de Efráyim, mas ninguém ofereceu seu lugar.

Ele então teve uma ideia....

Efráyim pegou seu celular e fingiu estar conversando com Sará, a sua esposa. No decorrer da conversa foi aumentando o tom da voz, como se a ligação estivesse ruim.

Efráyim contou a Sará como havia sido o dia no parque, o que as crianças fizeram, que chegariam mais tarde em casa, etc.

Antes de terminar a conversa, Efráyim disse:

- Ah! Já ía me esquecendo de lhe contar algo importante! É sobre o resultado daquele exame. O médico disse que é muito provável que eu esteja com a gripe suína! Amanhã de manhã precisarei passar em consulta novamente!”.

Assim que o ônibus chegou na parada seguinte, muitos passageiros saíram, com medo de serem contaminados. Com isso, Efráyim pôde sentar confortavelmente com seus filhos e desfrutar o restante da viagem de forma confortável.

Ao chegar em casa, Efráyim ficou com remorso do que fizera e, na mesma hora, escreveu uma carta para o Rav Zilberstein perguntando se havia agido de forma errada ou não. No caso de sua atitude ter sido errada, queria saber o que fazer para corrigir sua falha.

O veredicto

No Talmud - Tratado de Peá - consta a seguinte passagem: “Todo aquele que não é aleijado, cego ou paralítico e age como se fosse, não morre antes de vir a ser como um deles.”

No caso da atitude de Efráyim, havia um agravante, já que acarretou uma perda financeira e uma perda de tempo aos passageiros que desceram do ônibus. Isso além do susto e da preocupação que lhes causou.

Portanto, é óbvio que Efráyim fez algo muito grave, respondeu o Rav Zilberstein.

Efráyim causou um dano indireto àqueles passageiros. Em casos como este, o bêt din - o tribunal judaico - não tem condições de obrigar o réu a indenizar os prejudicados.

De qualquer forma, segundo o “Tribunal Celestial”, Efráyim tem que reembolsá-los.

Neste caso especificamente, o infrator está impossibilitado de reparar sua falha, já que não tem como encontrar os prejudicados. Sendo assim, ele deve fazer teshuvá - arrepender-se e decidir não mais cometer este tipo de pecado - e doar a quantia total das indenizações para uma instituição de caridade.

 

Do semanário “Guefilte-mail” ([email protected]).

Traduzido de aula ministrada pelo Rav Hagaon Yitschac Zilberstein Shelita

Os esclarecimentos dos casos estudados no Shulchan Aruch Chôshen Mishpat são facilmente mal-entendidos. Qualquer detalhe omitido ou acrescentado pode alterar a sentença para o outro extremo. Estas respostas não devem ser utilizadas na prática sem o parecer de um rabino com grande experiência no assunto.