Oferta Irrecusável
Rabino Yissocher Frand
Sobre o Autor

O nome Yissocher Frand tem se tornado sinônimo de eloqüência, humor, paixão, sensibilidade e sabedoria da Torá. Suas palestras e CDs são entusiasticamente aguardados e bem-vindos em todo o mundo, de Melbourne (Austrália) a Johanesburgo (África do Sul), de São Paulo a Jerusalém, passando por incontáveis outros pontos.

Nascido em Seattle (EUA) e ensinando na Yeshivá Ner Israel, em Baltimore, EUA, o rabino Frand transmite ensinamentos incisivos e relevantes, grande sabedoria e um entendimento intuitivo e claro para analisarmos o nosso dia-a-dia e nossas aspirações através do prisma da Torá. Todos querem viver vidas com significado e conteúdo. O rabino Frand nos inspira a nos elevarmos e nos aperfeiçoarmos como pessoas. Se ele tem sucesso? Pergunte a algum dos milhares de pessoas que comparecem às suas palestras ou que fazem de seus CDs (www.yadyechiel.org) parte indispensável de suas vidas.

Raramente uma pessoa consegue capturar a atenção de tantos tipos diferentes de audiência. Nesta tradução vocês terão a oportunidade de conhecer seu estilo, balanceando a vida moderna contemporânea com os eternos valores da Torá. Como uma sinfonia nas mãos de um virtuoso, estes temas, tão banais e ao mesmo tempo básicos em nossa complexa sociedade, tomam forma e se tornam claros através da mente e da caneta do rabino Frand.

Esta palestra foi realizada no evento mundial da Chofetz Chaim Heritage Foundation (www.chofetzchaimusa.org) em 5771/201

 

Boa leitura!

Hoje gostaria de falar-lhes sobre investimentos. Quero lhes mostrar como realmente engordar o seu patrimônio e protegê-lo de perdas ou desvalorizações.
            Gostaria de começar com o seguinte fato, que talvez lhes seja surpreendente ou espantoso: vocês sabiam que um retorno de 25% em seu investimento às vezes pode ser mais rentável do que um retorno de 500%? E se você me perguntar como isso é possível, a resposta é a seguinte: se você investir R$ 100 a 500%, obterá um lucro de R$ 500. Porém, se investir R$ 100.000 a 25%, irá ganhar R$ 25.000! Agora, creio que de acordo com a aritmética de qualquer um, R$ 25.000 é mais do que R$ 500, correto?
            Este é o segredo da minha estratégia de investimento. Por que investir R$ 100 com uma taxa relativamente alta de retorno, quando podemos investir cem mil, mesmo que seja a uma taxa menor? O problema, como você certamente já adivinhou, é como conseguir os R$ 100.000 para investir. Vou mostrar-lhes como fazê-lo.
            Não tirei esta estratégia de investimento do Wall Street Journal, Barron’s Magazine ou Money Magazine, mas de uma fonte inesperada: o Rabeinu Bahie Ibn Paquda, autor do livro Hovot HaLevavot, um dos grandes pensadores de nossa História (Espanha, século XI). Você poderia se perguntar: por que o Rabeinu Bahie, ao invés das grandes questões existenciais que ele geralmente abordava, se incomodou em escrever que se eu investir mais dinheiro - mesmo que a uma taxa inferior - terei cada vez mais dinheiro? A resposta é que ele só utilizou esta estratégia de investimento como um exemplo.
            Escreveu o Rabeinu Bahie no Hovot HaLevavot: “Se a pessoa tiver de escolher entre a oportunidade de dedicar-se ao seu autoaperfeiçoamento, a melhorar as suas características, podendo chegar a graus incrivelmente altos de elevação pessoal até se aproximar ao status de um profeta, ou – utilizando a mesma quantidade de tempo – trabalhar para o bem da comunidade em geral, aproximando as pessoas à beleza do judaísmo, tendo um efeito positivo sobre a comunidade como um todo - mesmo que seja às custas de seu próprio aprimoramento, de longe a segunda opção é melhor do que a primeira”.
            É muito melhor permanecer em um nível espiritual inferior e aproximar outras pessoas do Todo-Poderoso do que concentrar-se em si mesma e subir ao nível de profecia. Por quê? Vou lhes contar uma coisa que talvez muitos já saibam: a meta do ‘Jogo da Vida’ em que estamos é chegar ao Mundo Vindouro, o Gan Éden com o máximo de méritos acumulados.
            Algum dia todos vamos nos aposentar para os pastos mais verdes do Gan Éden (Mundo Vindouro) e seremos sustentados exclusivamente pela carteira de investimentos espirituais que acumulamos neste mundo. Quanto mais méritos acumularmos, melhor será a nossa situação no Gan Éden. Se trabalharmos em aperfeiçoar a nós mesmos e até mesmo chegar ao nível de profecia, certamente iremos acumular um grande pacote de méritos. Porém, se trouxermos outros para a beleza e o prazer do judaísmo, especialmente se aproximarmos dezenas ou mesmo centenas de pessoas, todo o mérito que eles e seus filhos e netos acumularem também reverterá para nós, porque, ao inspirá-los, receberemos um crédito por tudo o que eles realizarem.       
            É como ter 100.000 aplicados a uma taxa de 25% versus 100 aplicados a 500% - é melhor obter um retorno menor em inúmeras contas, trazendo outros para mais perto do judaísmo, do que obter um alto retorno sobre uma pequena conta individual, atingindo a autoperfeição e até mesmo a profecia.
            Ao exercer um efeito positivo sobre outras pessoas obteremos muito mais créditos do que os nossos próprios méritos e realizações. Também obteremos crédito por tudo de bom que eles fizerem como resultado de nossos esforços. Os méritos das boas ações deles gerarão mais méritos próprios, e estes novos méritos produzirão ainda mais méritos, em uma reação em cadeia sem fim. E tudo isso reverterá para a nossa conta.         
            Aqui é o ponto onde Rabeinu Bahie traz a analogia dos investimentos, escrevendo: “É preferível que cada pessoa invista seus esforços, tempo e energia pelo bem dos outros, mesmo que seja à custa de seu próprio desenvolvimento pessoal”.
            É como a teoria dos juros compostos. E sobre isto se pronunciou Benjamim Franklin, um dos “Pais da Constituição” Norte-Americana: “Dinheiro rende dinheiro. E o dinheiro que o dinheiro rendeu, rende ainda mais dinheiro”.
            Rabino Bahie veio nos ensinar o mesmo em relação aos méritos espirituais: ao ajudarmos e influenciarmos positivamente outras pessoas, não ficamos apenas com nossos próprios méritos e realizações, mas os méritos e realizações destas pessoas também irão para a nossa conta particular. Trabalhar para a comunidade seguramente é o melhor investimento.

            Um meshulach, um coletor de fundos, de uma yeshivá em Slutsk (Bielorrússia) certa vez veio ao Hafêts Haim (o Rabino Israel Meir Kagan (Polônia, 1839-1933), um dos maiores sábios da geração passada) com uma pergunta séria.
Uma pequena introdução se faz necessária aqui: precisamos entender que ser um meshulach é provavelmente um dos trabalhos mais difíceis do mundo. Ele tem de bater de porta em porta e implorar às pessoas que abram seus corações e suas carteiras e deem um pouco de dinheiro para a yeshivá ou qualquer outra instituição que ele represente. Algumas pessoas respondem gentilmente, enquanto outras são rudes e insultantes. Dentre os que dão, as doações são geralmente pequenas, e o meshulach tem de bater em muitas portas até acumular uma soma significativa. Pense num trabalho penoso, repleto de cansaço e humilhação, e você terá descrito a vida de um meshulach – mesmo nos dias de hoje, com veículos de aluguel e viagens aéreas. Na Europa do século passado, em que viajar de cidade em cidade significava semanas em estradas poeirentas e esburacadas numa carroça exposta a todo tipo de condições climáticas, ser um meshulach era uma vida de puro sacrifício.        
Voltando à nossa história, este meshulach da yeshivá de Slutsk fez a seguinte pergunta ao Hafêts Haim. “Rabino, recebi uma oferta de um emprego fixo. Passei tantos anos viajando como meshulach e tem sido muito difícil para mim. Recebi a oferta de uma posição como rabino em uma pequena cidade, e sinto que esta é uma grande oportunidade. O salário não é muita coisa, mas terei paz de espírito e mais tempo para estudar do que jamais tive em muitos anos. Por favor, dê-me a sua bênção, Rebi”.
O Hafêts Haim disse: “Zohl zein mit groisse hatzlachah. Que seja um grande sucesso”.
O homem agradeceu e levantou-se para sair.
“Antes que saia”, disse o Hafêts Haim, “posso fazer-lhe uma pergunta?”
“É claro”, disse o meshulach.
“Quanto custa um par de sapatos?” perguntou o Hafêts Haim.
O meshulach ficou confuso. “Um par de sapatos? Não entendi. O senhor está me perguntando o preço de um par de sapatos?”
“Exatamente. Você sabe o preço de um par de sapatos?”
“Bem, acho que sim. Já gastei muitos pares de sapatos ao longo destes anos. Depende de onde se compra. Se um sapateiro os fabrica sob encomenda, os sapatos custam cerca de 10 rublos. Se comprá-los prontos em uma loja, custam cerca de 7 rublos”.
“Bom”, disse o Hafêts Haim. “Quanto de lucro você acha que o sapateiro tira em cada par de sapatos?”
“Oh, eu não sei. Talvez cerca de cinco rublos”.
“E o homem que faz sapatos em sua fábrica e os distribui para as lojas - quanto você acha que ele lucra em cada par de sapatos?”
“É difícil dizer. Talvez dois ou três rublos por par”.
“Então, quem você acha que é mais rico, o sapateiro ou o dono da fábrica?”
O meshulach sorriu. “É claro que o dono da fábrica é mais rico do que o humilde sapateiro”.
“Eu não entendi”, disse o Hafêts Haim. “Você disse que o sapateiro lucra 5 rublos por um par de sapatos e o proprietário da fábrica faz dois ou três rublos. Eu acho que 5 é mais do que 3. Como ele pode ser mais rico?”
A boca do meshulach ‘caiu’.
“A resposta é óbvia”, disse o Hafêts Haim. “Não é uma questão real. Claro que, o proprietário da fábrica é mais rico, porque ele fabrica e vende milhares e milhares de pares de sapatos para cada um que o sapateiro produz à mão”.
“Sim, é verdade que é difícil ser um meshulach e se você aceitar o rabinato, terá paz de espírito e serenidade. Vai crescer em Torá e aprimorar-se muito”, concluiu o Hafêts Haim. “Porém, meu amigo, você é como o dono da fábrica. Pelo menos tem sido até agora. Através de seus esforços, centenas e centenas de alunos têm sido capazes de estudar numa yeshivá e crescer em Torá e tefilá (nas orações). Você tem parte em tudo que eles realizarem, em todos os méritos que cada um destes indivíduos alcançar. Quando deixar este mundo e estiver perante o Tribunal Celestial, você virá com malas e malas cheias de méritos. Abra mão e você virá com uma bolsinha”.

        Isto é o que o Hovot HaLevavot quis dizer sobre juros compostos. Seu dinheiro rende juros e esses juros rendem mais juros e, depois, há juros sobre os juros – e a sua conta continua se multiplicando e capitalizando e nunca termina. Inspire os outros e ajude-os a estudar Torá e fazer mitsvót e todos os esforços deles se tornarão seus méritos. E quando eles inspirarem outros, os méritos que irão acumular também reverterão para você. Os filhos que vão criar no caminho da Torá também serão crédito seu. Para sempre, continuamente, sem nunca terminar. Os méritos são autoperpetuantes e sua taxa de crescimento é geométrica.
Eu considero este um investimento muito bom.

A RELAÇÃO RISCO-BENEFÍCIO

        Os investimentos na comunidade também desafiam outro princípio comumente aceito no mundo dos investimentos e dos negócios – a relação risco-benefício. Todo mundo sabe que existe uma relação direta entre o risco envolvido em um investimento e a taxa de retorno esperada. Em geral, elas são diretamente proporcionais. Quanto maior o risco, maior o retorno.
Se você quer o seu dinheiro são e salvo, coloque-o em uma poupança garantida pelo governo. O risco é mínimo e o governo federal garante esta aplicação contra perdas. Seu dinheiro estará guardado são e salvo, mas não vai render mais do que alguns pontos percentuais. Você não vai ficar rico rapidamente. Por outro lado, se colocar o seu dinheiro no mercado imobiliário, no mercado de ações, derivativos ou em qualquer outro investimento com um potencial de ganhos elevados, você pode ganhar muito, mas também deve estar preparado para grandes prejuízos. Se quiser altos retornos, você tem que ter estômago para altos riscos. Essa é a realidade no mundo dos investimentos.
Mas os investimentos na comunidade são uma exceção a esta regra. Como já demonstramos acima, ao investirmos tempo, esforço e dinheiro na comunidade teremos um retorno de méritos muito alto, geométrico. E o melhor de tudo: os retornos estão garantidos para sempre. Não importa o que aconteça, nunca perderemos os méritos que ganhamos e nem os méritos jamais deixarão de aumentar e multiplicar-se.
Sobre isso a Torá traz, no livro de Daniel (Daniel 12:3): “U'matzdikei harabim kekochavim le'olam vaed. Aqueles que trabalham em benefício da comunidade irão brilhar como as estrelas para todo o sempre”.
O que há de tão especial em ajudar a comunidade que aqueles que o fazem são comparados às “estrelas que brilharão para sempre”?
A resposta é que em relação a todas as outras mitsvót não estamos realmente garantidos com recompensas eternas. Às vezes, a pessoa pode receber a recompensa de uma mitsvá neste mundo, de modo que não tenha quaisquer reivindicações a uma porção no Mundo Vindouro. Nestes casos, o Todo-Poderoso entrega os méritos à pessoa durante sua existência física neste mundo, e quando sua existência física chegar ao fim, ela não terá mais nada para a eternidade.
Todavia, existe um tipo de mérito, um tipo de mitsvá que permanece armazenado e intocado em um ‘cofre de segurança máxima’ para o Mundo Vindouro: a recompensa dos que são matzdikei harabim, aqueles que trabalham em prol da comunidade - estes “brilharão como as estrelas para todo o sempre”.
Então, aqui temos um negócio em que ambos os lados saem vencedores, uma verdadeira anomalia no mundo dos investimentos. Um enorme retorno crescendo a uma taxa geométrica e uma garantia firme e total de que nunca iremos perder um centavo com ele.

O MISTÉRIO DA BAIXA DEMANDA

        Isso nos leva a uma pergunta desconcertante. Se trabalhar para a comunidade é um investimento tão extraordinário, se traz retornos tão grandes e é garantido contra desvalorizações e perdas, porque não é algo popular? Por que sofre de uma taxa tão elevada de baixa demanda? Por que tantas yeshivót, escolas Beit Yaacov, kolelim, mikves e outras instituições de caridade importantes que estão tão desesperadamente precisando de ajuda, pedem e convidam pessoas a oferecerem-se para um projeto ou aceitar uma presidência ou ser o convidado de honra em um jantar para que seus parentes, amigos e colegas façam contribuições, recebem respostas como: “Desculpe. Não posso fazê-lo. Não é para mim. E além disso, não tenho tempo”?
Por quê? Estão lhe oferecendo a maior mitsvá, o investimento mais lucrativo no Mundo Vindouro, e ela recusa?! A pessoa está recebendo a oportunidade de trabalhar pela coletividade, em que a única coisa que precisa fazer é investir um pouco do seu tempo e esforços – e aí os retornos garantidos na forma dos méritos de cada criança que estudar naquela escola ou de cada pessoa que utilizar a mikve serão dela para sempre. Todos concordariam que esta é uma oferta que não dá para se recusar. Então, como está sendo recusada com tanta frequência? Por que as instituições precisam implorar por ajuda?

O GRANDE FUNCIONÁRIO PÚBLICO

        Creio que parte da resposta a esta questão pode ser encontrada na história do melhor funcionário público que o Povo Judeu já teve. Moshe Rabeinu (Moisés). Já houve outra pessoa que mostrou mais dedicação e autossacrifício pelo povo judeu do que Moshe? Ele lutou contra o Faraó e nos libertou da escravidão no Egito. Ele nos levou ao Monte Sinai. Ele subiu aos Céus para nos trazer a Torá. Ele nos guiou através do deserto por quarenta anos, apesar de nossa impertinência e rebeldia incessantes. Ele dedicou cada um dos momentos em que estava acordado ao povo judeu, como nenhum outro homem o fez antes ou depois.
Os investimentos de Moshe são literalmente infinitos. Toda a Torá que foi estudada até hoje resulta em méritos para Moshe, porque é a sua Torá; ele a trouxe para nós - ela é até chamada de Torat Moshe, a Torá de Moshe. Toda vez que qualquer judeu em qualquer lugar pega um humash (Bíblia), uma Mishná ou Talmud, a conta de Moshe cresce. Milhares de anos depois de seu falecimento, os anjos no céu ainda estão somando méritos para ele a cada segundo de cada dia.
Porém, quando foi a vez de Moshe aceitar o cargo de liderança, qual foi a sua reação? Vejamos o que a Torá nos relata:
Moshe estava andando no deserto, pastoreando o rebanho do seu sogro. À distância, ele vê um arbusto ardente que não é consumido. Ele se aproxima para investigar o fenômeno e o Todo-Poderoso lhe fala das chamas.
“Moshe”, o Todo-Poderoso diz, “Eu quero que você vá ao Egito e liberte o meu povo”.
Moshe respondeu: “Mi Anohi? Quem sou eu? O senhor quer que eu tire o povo do Egito? Eu? Eu não sou a pessoa certa para o trabalho. Quem sou eu?”
O Todo-Poderoso diz: “Moshe, eu quero você assuma o cargo”.
Moshe responde: “Mas eu não sou um homem de palavras. Nunca fui. Tenho um problema na fala. Não consigo falar direito. Eu não posso ser o líder. Um líder tem que ser articulado, tem que ser eloquente. Um líder tem que ter boas habilidades de comunicação. E no caso, não sou nada disso. Eu sou a pessoa errada para o cargo. Não posso fazê-lo”.
O Todo-Poderoso diz para Moshe: “Mesmo assim , Eu quero que você assuma a tarefa”.
Moshe responde, “Desculpe-me, mas eu simplesmente não posso assumir o cargo. Não seria justo para com o meu irmão mais velho, Aharon. Eu não posso passar por cima dele. O que ele dirá? Como vai se sentir? Eu não posso constrangê-lo. Não posso humilhá-lo. Eu sou apenas o seu irmão mais novo. Como será se ele for deixado de lado e eu for escolhido para ser o líder? Não posso fazê-lo. Mi Anohi? Quem sou eu? Uma pessoa simples e humilde. Eu não tenho as habilidades para falar. Questões familiares. Como poderia aceitar esse trabalho?”
Se um dia você quiser recusar um trabalho no serviço público, este é o manual para isto.
Esta situação durou uma semana. O Todo-Poderoso dizia a Moshe para assumir o cargo. Moshe levantava objeções. O Todo-Poderoso respondia a elas. Moshe levantava novas dificuldades. E assim por diante, de novo e de novo.
Então, uma questão se apresenta. Por que o Todo-Poderoso simplesmente não removeu a fonte de objeções de Moshe? Moshe alegava que ele era limitado por um grave problema na fala. Ok. Uma alegação razoável. Mas o Todo-Poderoso deveria ter dito a ele: “Moshe, você diz que não pode fazer o trabalho porque não é um bom orador? Tudo bem. Eu entendo. Sem problemas. Eu sou D'us. Eu posso fazer tudo o que Eu quiser fazer e, então, estou curando você. Amanhã de manhã você vai acordar e será o maior orador que este planeta já ouviu, eloquente, o maior comunicador. Sem problemas”.
Então, por que o Todo-Poderoso não fez isso?
A resposta é: porque Ele está nos ensinando uma lição crítica sobre o serviço público. D'us queria nos mostrar que não temos que ser perfeitos para fazer o trabalho. Não temos que ser pessoas que possuem dons naturais para determinada tarefa. Não precisamos ser os mais talentosos, os mais inteligentes. Não precisamos nem sequer ter as habilidades de fala mais básicas. Podemos ter deficiências graves. Tudo isso não importa.
Você só precisa de uma coisa, a única coisa que o Todo-Poderoso prometeu a Moshe: “Vá e Eu estarei com você”. Quando se tem siata dishmaia, a ajuda do Todo-Poderoso, não há nada que não se possa realizar. Quando se tem isso, não é necessário mais nada. Mas sem a ajuda Dele, pode ser o indivíduo mais talentoso do mundo e, mesmo assim, irá falhar.
O Todo-Poderoso escolheu Moshe não por causa de suas grandes habilidades de comunicação, não por causa de seu carisma e qualidades de liderança. Ele o escolheu por causa de sua excelente qualidade de humildade. E quando foi que Moshe provou que ele era o homem perfeito para o cargo? Quando disse: “Mi Anohi? Quem sou eu?”. Não lhe ocorreu que ele seria merecedor de liderar o povo judeu para fora do Egito. E essa total falta de presunção e arrogância foi exatamente o que o fez ser merecedor desta tarefa.
Com as pessoas a quem não ocorreria dizer “Mi Anohi?” é que precisamos nos preocupar. As pessoas que estão sempre ‘forçando’ e ‘manobrando’ para receber honras e glórias são aquelas que estão preocupadas com o seu próprio ganho e, portanto, são perigosas e destrutivas para o bem público. Já as que são discretas, reservadas e humildes são as que não estão preocupados com a sua própria promoção e irão se dedicar completamente ao bem maior da comunidade. Elas são as pessoas que são dignas de ajuda do Todo-Poderoso – e uma vez que têm isso, suas desvantagens e deficiências tornam-se inexpressivas.           

        Na década de 1930, estavam procurando alguém para o posto de Raba Shel Yerushalaim, o Rabino-Chefe de Jerusalém. Esta era uma posição de prestígio que já existia gerações antes do estabelecimento do Estado de Israel e da instituição do Rabinato-Chefe de Israel. A posição até então fora ocupada por uma série de grande gueonim, entre os maiores sábios de sua época.
A posição ficou vaga e uma delegação de pessoas de Jerusalém veio falar com o famoso Rav Tzvi Pesach Frank, autor do livro Teshuvot Har Tzvi. Explicaram a ele todos os problemas e dificuldades que a comunidade de Jerusalém estava enfrentando, sem convidá-lo imediatamente para ser o próximo Rav de Yerushalaim. Rav Tzvi Pesach ouviu a longa apresentação com um olhar de espanto no rosto.
Finalmente, ele disse: “Eu não entendo por que vocês vieram a mim. Já estou ciente de todos esses problemas e vocês também sabem que eu já sei deles. Então, exatamente o que vocês estão tentando me dizer? Por que vieram a mim?”
“Estamos à procura de alguém”, disse o chefe da delegação, “que não tem ideia do motivo pelo qual estamos aqui. É precisamente por isto que o estamos convidando agora. Em suma, estamos procurando por alguém como o senhor para ser o próximo Rav de Jerusalém”.

IMAGENS EXATAS

        Esta foi a maior qualificação de Moshe para a liderança do povo judeu. Ele foi o instrumento perfeito do Todo-Poderoso porque era completamente altruísta e privado de egoísmo, porque disse e pensou, “Mi Anohi? Quem sou eu?”
No final, Ele concordou e aceitou a missão do Todo-Poderoso para se tornar o líder do povo judeu – e aí ele se tornou o maior ser humano que jamais viveu. Mas e se tivesse persistido em sua recusa? E se não tivesse aceito a missão? O que teria sido de Moshe? Como ele teria passado à História? Na verdade - será que teria passado à História?
Há uma pista para esta resposta na forma como o Todo-Poderoso dirigiu-Se a ele durante este encontro. “Moshe, Moshe!” – o Todo-Poderoso chamou seu nome duas vezes. Isso ocorreu apenas quatro vezes na Torá. Avraham, Yaacov, Shmuel e Moshe são as quatro pessoas cujos nomes são repetidos duas vezes. Qual o significado desta repetição?
Quando Avraham estava na Akeida, quando quase entregou seu filho como oferenda, o Todo-Poderoso o chamou: “Avraham, Avraham!” O Midrásh nos relata que o Todo-Poderoso estava fazendo aqui uma referência ao “Avraham celestial”. Explicando melhor: havia uma imagem nos Céus do Avraham ‘ideal’, o Avraham ‘perfeito’, o Avraham cujo potencial fora plenamente realizado. Quando o Avraham ‘terreno’ passou este temeroso e impressionante teste da Akeida, quando se mostrou pronto a sacrificar o seu único filho para obedecer ao comando do Todo-Poderoso, ele alcançou seu nível de perfeição celestial ainda aqui na Terra. Naquele momento, a imagem de Avraham na Terra espelhou a imagem de Avraham nos Céus, e o Todo-Poderoso declarou: “Avraham, Avraham!” Ambos os Avrahams são idênticos.
No episódio em que Torá relata que anjos subiam e desciam a escada no sonho de Yaacov (Jacob), ao subirem eles viram a imagem de Yaacov nos Céus. Eles viram o que ele poderia ser, o que poderia alcançar. Em seguida, ao descer, eles viram que a imagem terrena de Yaacov era idêntica à sua imagem Celestial. Assim D'us o chamou e disse: “Yaacov, Yaacov!”
O profeta Shmuel (Samuel) também era um homem que atingiu a perfeição. O Rei David comparou Shmuel a Moshe e Aharon juntos. Ele, também, foi chamado “Shmuel, Shmuel!”
Mas e sobre Moshe? O Todo-Poderoso o chamou dizendo: “Moshe, Moshe! Há duas imagens suas. A imagem Divina do que Eu espero de você, a de um grande líder do povo judeu, e a imagem do que você é agora na Terra, a imagem de um humilde pastor. Este é o memento da decisão. Se aceitar o trabalho, você se tornará aquele Moshe. Mas se recusar, provavelmente nunca atingirá o seu potencial. Provavelmente você continuará a ser Moshe, o pastor”.

        Pensemos nisso: assim como havia dois Avrahams e dois Moshes, há também dois de cada um de nós. Há uma imagem no Céu do que podemos e devemos ser, e há a imagem da realidade atual aqui na Terra. Podem estas duas imagens convergir de modo que se tornem reflexos exatos da mesma pessoa? Certamente que sim. Mas isso cabe a nós.

        Talvez vocês já tenham ouvido sobre o Rabino Naftali Tzvi Yehuda Berlin, o grande Rosh Yeshivá da Yeshivá de Volozhin e um dos mais prolíficos autores das últimas gerações. Ele é particularmente famoso por suas obras brilhantes, incluindo uma coleção de responsa chamada Meshiv Davar, um comentário sobre a Torá chamado Haamek Davar, um comentário sobre o Talmud chamado Meromei Sade, um comentário sobre o Sifri chamado Emek NaNetziv, e sua magnum opus, sua obra-prima, o comentário sobre as Sheiltot d'Rav Ahai Gaon chamado Haamek She'eila.
Quando Rav Naftali completou esta obra sobre as Sheiltot, ele fez uma festa em comemoração. Na festa, ele levantou-se para falar.
“Gostaria de lhes dizer sobre o motivo desta festa. Quando eu era um garotinho”, ele começou, “eu era um aluno indiferente. Vivia brincando e minha cabeça não estava focada no aprendizado e isto doía muito aos meus pais. Eles tentaram de tudo para incentivar-me a tornar-me mais sério nos estudos, mas nada ajudou”.
“Uma noite, quando já estava na cama, ouvi meus pais conversando. Eles pensaram que eu estava dormindo, mas eu não estava. ‘O que vai ser do nosso Naftali Hersh?’, meu pai perguntou à minha mãe. ‘O que será do nosso filho? Parece que ele nunca vai crescer nos estudos. Ele nunca será nada nos estudos. Não será um erudito ou um sábio. É hora de encararmos a realidade e lhe ensinarmos um bom ofício. Talvez um alfaiate. Ele vai se tornar um alfaiate, um bom e honesto alfaiate, estudar um pouco de Mishnaiot todos os dias e esta será a extensão do aprendizado espiritual a que ele chegará’”.
“Eu ouvi essa conversa e fiquei chocado. Era como se tivessem me atirado um balde de água gelada. Chorei até dormir. Daquele dia em diante, eu era uma pessoa diferente”.
“O que teria acontecido se eu não tivesse ouvido aquela conversa? Eu realmente teria me tornado um alfaiate como meu pai havia dito. Depois da minha morte, eu teria ido para os Céus e me perguntariam: 'Nu, Naftali Tzvi Yehuda Berlin, mostre-nos o seu comentário sobre as Sheiltot d'Rav Ahai Gaon. Eu olharia para eles e responderia: ‘O que? O que é essa ‘She'iltot’ e quem é esse Rav Ahai Gaon?’”


        “Você não sabe?” E começariam a passar um vídeo de toda a minha vida e me mostrariam todos os meus outros livros, e diriam: 'Você deveria ter sido o Rav Naftali Tzvi Yehuda Berlin'. E eu responderia: 'Vocês estão cometendo um erro. Eu sou um alfaiate, um bom e honesto alfaiate. Vocês pegaram o homem errado’. E eles diriam: ‘Não, não. É você mesmo. Você deveria ter sido o Rav Naftali Tzvi Yehuda Berlin. Infelizmente, porém, você permaneceu o Naftali Tzvi terreno e não o Rav Naftali Tzvi Yehuda Berlin celestial. Você deveria ter escrito todas estas obras. Você deveria ter ensinado centenas de alunos. O que você tinha haver com ser um alfaiate?’”
“E sabem do que mais”, concluiu o rabino, “eles estariam certos. É por isso que estou fazendo esta festa. Estou compartilhando a minha alegria por ter me apercebido a tempo e poder tornar-me o que eu estava destinado a ser”.

        Há algum tempo atrás recebi uma carta de uma mulher que é professora numa escola Beit Yaacov, uma escola somente para meninas. Ela trabalhava originalmente como técnica de equipamentos, que seguramente é uma profissão muito boa e honrada, mas queria alcançar algo maior. Ela queria inspirar as pessoas mais jovens. Então, ela se tornou uma professora de meninas.
“Tive a sorte”, escreveu ela, “de ter tido muito sucesso em meu trabalho. Eu criei um forte vínculo com as alunas e acredito que tive uma influência positiva sobre elas. Mais e mais eu ouço as meninas dizendo que elas não seriam o que são se não tivesse sido por mim. Quando ouço isso, sinto-me muito humilde e contente. Lembro-me da famosa história do Rav Naftali Tzvi Yehuda Berlin que você contou e penso: ‘O que eu diria à Corte Celestial se não tivesse feito essa mudança na minha vida? Se me perguntassem lá no Céu: ‘Onde estão todas as suas alunas, as jovens que deveriam ter sido orientadas na direção certa’, o que eu iria dizer? Creio que uma resposta do tipo: ‘Desculpem, mas vocês devem estar enganados. Eu sou uma técnica de equipamentos’ não iria funcionar”.
Isto é o que todos temos de considerar. Quando a vida nos apresenta um desafio que podemos pensar que está além de nossas capacidades, temos de considerar se esta não é uma oportunidade, um convite para subirmos a um patamar mais elevado. Temos que pensar: “Talvez este seja o memento. Talvez esta seja a grande oportunidade, o grande desafio. Eu abandonei muitos desafios no passado, mas este eu vou ‘encarar’. Se eu deixar passá-lo, quem sabe o que estarei deixando passar?”
Havia um homem chamado David Dryan. Não uma pessoa famosa, mas um homem que conseguiu realizações extraordinárias. Ele era um shochet, um abatedor ritual, que vivia em uma cidade fuliginosa e gélida no norte da Inglaterra chamada Gateshead, bem em frente à grande produtora de carvão, a cidade de Newcastle. Este senhor David teve a ideia esquisita de trazer um Kolel, um grupo de rapazes para estudar Torá a este pequeno e remoto local, no meio do nada, no norte da Inglaterra. Ele dedicou-se a este seu projeto com uma determinação fora de série. Ele escreveu cartas a vinte e dois rabinos na Europa: “Quero iniciar um Kolel em Gateshead. O senhor viria? Estaria interessado?” Vinte destas cartas não obtiveram resposta. Um deles recusou polidamente o convite. Porém, um deles respondeu: “Da próxima vez que você estiver em Londres, vamos nos reunir e conversar”.
O remetente desta última carta chamava-se Rabino Eliyahu Dessler. Ele foi para Gateshead e estabeleceu o Kolel. Esta cidade hoje é o maior e mais importante centro de estudos de Torá em toda a Europa, com uma grande yeshivá, uma escola e seminário para meninas e vários kolelim. E tudo porque um homem disse: “Sim”. O Rabino Dessler alcançou a imortalidade. Seus livros estão presentes em milhares de lares judaicos por todo o mundo. O seu nome tornou-se uma palavra comum no mundo da Torá.
O que aconteceu com os outros vinte e um? Eu realmente não sei. Talvez conseguiram chegar à grandeza por outros caminhos. Mas talvez alguns deles, ao se recusarem a aceitar o desafio, o desafio de fazer algo pela comunidade, perderam a oportunidade de suas vidas e desapareceram no anonimato.
O maior investimento que podemos fazer é trabalhar pela comunidade, para uma yeshivá, uma sociedade de Bikur Cholim (visitar e cuidar dos doentes) ou qualquer outra instituição de caridade. É algo muito importante. Os retornos são virtualmente ilimitados e garantidos. Juros compostos e garantidos. Portanto, quando recebermos um telefonema pedindo a nossa ajuda, devemos reconhecê-lo e aproveitar a oportunidade antes que passe. Devemos sair do comum e mostramo-nos à altura da situação. Caso contrário, poderemos permanecer a imagem não realizada de nós mesmos, que não tem qualquer semelhança com a nossa imagem Celestial.

COLOQUE O SEU DINHEIRO PARA TRABALHAR

        Há outra maneira muito fácil de trabalhar pela comunidade: ajudar com dinheiro, Tsedacá. Essa também é uma forma muito eficaz de ajuda comunitária. Ao darmos nosso dinheiro a uma yeshivá, temos parte em todos os bons resultados que saírem de suas salas. Ao ajudarmos um órfão a casar, temos participação em todos os méritos que serão acumulados por esta família que ajudamos a iniciar. Essa é a maneira mais fácil: dar de nossos bens materiais. Escrever um cheque.
Gostaria de concluir com uma incrível história que está no livro Avot d'Rabi Natan sobre o poder da Tsedacá. O livro relata o seguinte:

        Havia um judeu muito piedoso que se destacava na mitsvá de dar Tsedacá. Ele se sobressaia em todos os campos de sua vida, mas se destacava em especial na mitsvá de Tsedacá , de dar dinheiro para a caridade.
Certa vez ele estava viajando num barco com Rabi Akiva, e o barco afundou no mar. O homem se afogou. Rabi Akiva, que viu o homem afundar, foi ao beit din, ao tribunal rabínico, testemunhar que o homem havia morrido, permitindo que o beit din autorizasse a viúva a se casar novamente.
Se Rabi Akiva estava afirmando que o homem se afogou, certamente se poderia acreditar em seu testemunho. O tribunalestava para anunciar que a viúva estava livre para casar novamente, quando, subitamente, o homem que tinha supostamente morrido - em carne e osso - entrou.
Rabi Akiva olhou para ele, boquiaberto. “Você não é o homem que afundou no mar?”
“Sim, sou eu”.
“Mas como você se salvou?”, perguntou Rabi Akiva. “Eu vi com os meus próprios olhos que você se afogou?”
“A tsedacá que distribuime salvou”, respondeu o homem.
Não as outras coisas que fiz em minha vida. Não o tefilin. Não os estudos. Mas a tsedacá.
Perguntou Rabi Akiva, muito cético: “Como você sabe? Como pode ter certeza de qual mitsvá o salvou?”
“Eu tenho essa certeza”, disse o homem, “porque quando afundei nas águas profundas, ouvi um grande barulho das ondas conversando entre si. Elas estavam dizendo: 'Nós temos que salvar este homem porque ele deu caridade toda a sua vida’”.

Alguma vez já você esteve dirigindo e um outro carro não bateu em você por um triz? Você já esteve numa estrada e um caminhão não bateu no seu carro por um fio? Já esteve parado num semáforo, e aí ele ficou verde, e quando foi atravessar o cruzamento, um irresponsável ‘furou o farol’ e quase o pegou? E você pensou consigo mesmo: “Quase fui morto agora”?
Naquele memento, o que os carros estavam dizendo um ao outro? O que os caminhões estavam dizendo um ao outro? Eles estavam dizendo: “Nós temos que salvar este homem porque ele deu tsedacá”.
Por que a tsedacá é uma força tão poderosa? Porque ela se enquadra na categoria daqueles investimentos que proporcionam retornos infindáveis ​​e garantidos. Ela não gera apenas UM mérito, mas é a somatória de TODOS os méritos daqueles que se beneficiaram dela.  
Então, da próxima vez que formos convidados a fazer algo pela comunidade, a fazer uma contribuição, seja física ou monetária, de tempo ou de esforço, não deixemos a oportunidade escapar. Lembre-se do zikui harabim. É uma oferta que não podemos recusar!

 

Que possamos ter uma ketivá vehatimá tová, um ano com muitos nachat (alegrias) com nossos familiares, saúde e presenciar a tão longamente aguardada gueulá (salvação) deste longo e amargo exílio.

SHANÁ TOVÁ A TODOS!